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Obama faz viagem em busca de resultados
Sob pressão interna, democrata vai ao Oriente Médio e à Europa; primeiro giro só trouxe frutos em termos de imagem
Viagem começa pela Arábia Saudita e continua no Egito, que será palco de discurso a muçulmanos; Alemanha e França completam roteiro
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Se a primeira grande viagem
ao exterior, em abril, foi feita
ainda sob o efeito da lua de mel
da opinião pública mundial e o
novo presidente americano, o
segundo tour de Barack Obama
pelo Oriente Médio e Europa
acontece sob pressão tanto doméstica como externa. Dessa
vez, a cobrança para que o democrata volte com resultados
concretos será maior.
Obama inicia sua principal
visita ao Oriente Médio pela
Arábia Saudita, de onde seguiria para o Egito, cuja capital,
Cairo, será palco de seu primeiro pronunciamento voltado ao
mundo islâmico em um país
árabe, cercado de grandes expectativas. De lá, segue para a
Europa, onde se encontra com
os líderes da França e da Alemanha em meio às celebrações
dos 65 anos do Dia D.
Da última vez, o presidente
partiu dos EUA com três objetivos claros: apresentar o novo
rosto de Washington ao mundo, um rosto menos beligerante
e mais propenso à diplomacia;
conseguir que os aliados europeus colocassem mais tropas
na zona de conflito do Afeganistão; e convencer a União Europeia a injetar mais dinheiro
nas economias locais, em planos de estímulo. Só o primeiro
ponto foi bem-sucedido.
O ideal seria se Obama conseguisse voltar agora com algum tipo de compromisso da
chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy, acredita Charles
Kupchan, especialista em Europa do Council on Foreign Relations, de Nova York.
Quais compromissos? O de
aceitar ex-prisioneiros de
Guantánamo, por exemplo, ou
o aumento das tropas no Afeganistão. "Resumindo, ao longo
de 2009, o presidente precisa
transformar popularidade em
conquistas", diz Kupchan.
Já no Oriente Médio, o problema é o excesso de expectativa. Segundo resultados do 2009
Annual Arab Public Opinion
Survey, parceria do instituto
Zogby International e a Universidade de Maryland, 45%
dos árabes ouvidos têm opinião
positiva sobre Obama, e 51%
têm esperança em relação a
seus planos para a região.
"As pessoas querem acreditar em Obama", disse Shibley
Telhami, que conduziu o estudo. "As expectativas são altas."
Internamente, o governante
americano deixa o país sob uma
chuva de críticas da oposição
em questões de segurança nacional, liderada pelo ex-vice-presidente Dick Cheney.
Ontem, Mitt Romney, ex-pré-candidato republicano à
Casa Branca e provável futuro
candidato em 2012, juntou-se
ao coro, dizendo que o democrata fazia o que chamou sarcasticamente de "turnê mundial de desculpas".
"Não é que os EUA não tenham cometido erros -nós cometemos-, é que os erros dos
EUA são mínimos diante do
que o país significa para as esperanças e aspirações dos povos pelo mundo", disse.
Obama viaja ainda sob a sombra da questão israelo-palestina. Nos últimos dias, Washington elevou o tom em relação a
duas políticas de seu principal
aliado na região, Israel -os assentamentos de colonos judeus
e o não compromisso com a solução de dois Estados. Ontem,
horas antes da viagem, o democrata se encontrou com o ministro da Defesa israelense,
Ehud Barak.
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