São Paulo, quarta-feira, 03 de junho de 2009

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Obama faz viagem em busca de resultados

Sob pressão interna, democrata vai ao Oriente Médio e à Europa; primeiro giro só trouxe frutos em termos de imagem

Viagem começa pela Arábia Saudita e continua no Egito, que será palco de discurso a muçulmanos; Alemanha e França completam roteiro


SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON

Se a primeira grande viagem ao exterior, em abril, foi feita ainda sob o efeito da lua de mel da opinião pública mundial e o novo presidente americano, o segundo tour de Barack Obama pelo Oriente Médio e Europa acontece sob pressão tanto doméstica como externa. Dessa vez, a cobrança para que o democrata volte com resultados concretos será maior.
Obama inicia sua principal visita ao Oriente Médio pela Arábia Saudita, de onde seguiria para o Egito, cuja capital, Cairo, será palco de seu primeiro pronunciamento voltado ao mundo islâmico em um país árabe, cercado de grandes expectativas. De lá, segue para a Europa, onde se encontra com os líderes da França e da Alemanha em meio às celebrações dos 65 anos do Dia D.
Da última vez, o presidente partiu dos EUA com três objetivos claros: apresentar o novo rosto de Washington ao mundo, um rosto menos beligerante e mais propenso à diplomacia; conseguir que os aliados europeus colocassem mais tropas na zona de conflito do Afeganistão; e convencer a União Europeia a injetar mais dinheiro nas economias locais, em planos de estímulo. Só o primeiro ponto foi bem-sucedido.
O ideal seria se Obama conseguisse voltar agora com algum tipo de compromisso da chanceler alemã, Angela Merkel, e do presidente francês, Nicolas Sarkozy, acredita Charles Kupchan, especialista em Europa do Council on Foreign Relations, de Nova York.
Quais compromissos? O de aceitar ex-prisioneiros de Guantánamo, por exemplo, ou o aumento das tropas no Afeganistão. "Resumindo, ao longo de 2009, o presidente precisa transformar popularidade em conquistas", diz Kupchan.
Já no Oriente Médio, o problema é o excesso de expectativa. Segundo resultados do 2009 Annual Arab Public Opinion Survey, parceria do instituto Zogby International e a Universidade de Maryland, 45% dos árabes ouvidos têm opinião positiva sobre Obama, e 51% têm esperança em relação a seus planos para a região.
"As pessoas querem acreditar em Obama", disse Shibley Telhami, que conduziu o estudo. "As expectativas são altas."
Internamente, o governante americano deixa o país sob uma chuva de críticas da oposição em questões de segurança nacional, liderada pelo ex-vice-presidente Dick Cheney.
Ontem, Mitt Romney, ex-pré-candidato republicano à Casa Branca e provável futuro candidato em 2012, juntou-se ao coro, dizendo que o democrata fazia o que chamou sarcasticamente de "turnê mundial de desculpas".
"Não é que os EUA não tenham cometido erros -nós cometemos-, é que os erros dos EUA são mínimos diante do que o país significa para as esperanças e aspirações dos povos pelo mundo", disse.
Obama viaja ainda sob a sombra da questão israelo-palestina. Nos últimos dias, Washington elevou o tom em relação a duas políticas de seu principal aliado na região, Israel -os assentamentos de colonos judeus e o não compromisso com a solução de dois Estados. Ontem, horas antes da viagem, o democrata se encontrou com o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak.


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