São Paulo, segunda-feira, 03 de julho de 2006

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Israel intensifica ação militar em Gaza

Braço armado do Hamas avisa que região pode virar "mar de sangue"; premiê de Israel afirma que chave para resolver a crise está na Síria

Após detenção de parlamentares palestinos na Cisjordânia, Olmert ameaça prender "qualquer líder" do grupo em Gaza


DA REDAÇÃO

O premiê de Israel, Ehud Olmert, ordenou ontem que seu Exército intensificasse a ação militar na faixa de Gaza para libertar um soldado israelense capturado na semana passada por radicais palestinos e afirmou que poderá prender, em Gaza, qualquer líder do grupo terrorista Hamas -cujo braço político domina o Parlamento palestino.
As ameaças -feitas poucas horas após Israel desferir um ataque aéreo contra o escritório do premiê palestino Ismail Haniyeh, do Hamas, que estava vazio no momento do bombardeio- sinalizam que o governo de Israel está perdendo a paciência com os esforços diplomáticos para pôr fim à crise e planeja uma escalada militar.
Na madrugada de hoje, aviões israelenses atacaram um prédio usado pelo grupo Brigadas de Al Aqsa, braço radical do Fatah, do presidente palestino Mahmoud Abbas. Não havia registro de mortes até o fechamento desta edição.
"Dei ordem para intensificar a ação do Exército e dos serviços de segurança, para caçar os terroristas, aqueles que os enviaram e aqueles que os protegem", disse Olmert em reunião do gabinete.
O vice-premiê Shimon Peres declarou à rede de TV americana CNN que o ataque ao escritório de Haniyeh foi um "aviso claro de que é para ele parar o comportamento duplo". "Ou esse é um governo com todas as responsabilidades ou é uma organização terrorista, com todas as conseqüências."
Israel, que se retirou da faixa de Gaza no ano passado, enviou tropas e tanques para o sul do território na terça-feira, dois dias após radicais palestinos capturarem o soldado israense Gilad Shalit, 19. Segundo Haniyeh, seu governo não tem contato com os seqüestradores.
O vice-premiê israelense afirmou que o país levará à Justiça dirigentes palestinos capturados envolvidos no seqüestro. "Eles serão acusados de participar e de apoiar atos terroristas contra o governo civil."

"Mar de sangue"
Os três grupos armados que mantêm Shalit, entre eles o braço armado do Hamas, querem trocar informações sobre o soldado pela libertação de "mil prisioneiros", mas não prometem o fim do seqüestro.
Israel já atacou o Ministério do Interior em Gaza e capturou membros do Hamas na Cisjordânia, incluindo oito ministros palestinos e 20 deputados.
Em resposta à ação israelenses, o braço armado do Hamas ameaçou atacar centrais de eletricidade e escolas no Estado judeu -ataque de Israel na véspera atingira uma escola vazia. Alertou que a região pode virar um "mar de sangue" se a ofensiva israelense for mantida.
Olmert afirmou não ter "intenção de ceder à chantagem".

Síria
Acredita-se que os captores de Shalit atenderiam Khaled Meshal, líder do Hamas exilado na Síria. Mas ele nega ter autoridade para resolver a crise. "Não temos contato com aqueles que mantêm o prisioneiro", disse Osama Hamdam, um dos líderes do grupo no Líbano.
O chefe da Segurança Interna de Israel, Yuval Diskin, disse que a crise pode levar meses até ser resolvida. Segundo o diário "Haaretz", em conversa telefônica com a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, Olmert afirmou que a chave para resolver o caso está em Damasco -que, para ele, deveria desmantelar grupos terroristas baseados na Síria- e que o governo "usará todos os meios disponíveis" para libertar o soldado. Expressou ainda sua gratidão aos esforços do ditador egípcio, Hosni Mubarak, que tem mediado esforços diplomáticos para solucionar a crise.
Mubarak pediu ajuda ao ditador sírio, Bashar Assad, para persuadir os líderes do Hamas a soltar Shalit. Mas a Síria disse ontem que não pressionará o Hamas para solucionar a crise enquanto houver ataques de Israel. Também ontem o Exército israelense matou três palestinos armados em confronto no sul da faixa de Gaza.
Mohammed Deif, militante do Hamas que encabeça a lista dos mais procurados por Israel há uma década, apareceu na manhã de hoje (noite de ontem no Brasil) num documentário da rede Al Jazeera, conclamando "todo muçulmano no mundo" a "lutar pela libertação" do "território islâmico". Ele manteve o rosto coberto e foi filmado andando ao lado de um repórter. Deif é acusado por Israel de ser responsável por vários atentados suicidas no país.


Com agências internacionais

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