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Israel intensifica ação militar em Gaza
Braço armado do Hamas avisa que região pode virar "mar de sangue"; premiê de Israel afirma que chave para resolver a crise está na Síria
Após detenção de parlamentares palestinos na Cisjordânia, Olmert ameaça prender "qualquer líder" do grupo em Gaza
DA REDAÇÃO
O premiê de Israel, Ehud Olmert, ordenou ontem que seu
Exército intensificasse a ação
militar na faixa de Gaza para libertar um soldado israelense
capturado na semana passada
por radicais palestinos e afirmou que poderá prender, em
Gaza, qualquer líder do grupo
terrorista Hamas -cujo braço
político domina o Parlamento
palestino.
As ameaças -feitas poucas
horas após Israel desferir um
ataque aéreo contra o escritório do premiê palestino Ismail
Haniyeh, do Hamas, que estava
vazio no momento do bombardeio- sinalizam que o governo
de Israel está perdendo a paciência com os esforços diplomáticos para pôr fim à crise e
planeja uma escalada militar.
Na madrugada de hoje,
aviões israelenses atacaram um
prédio usado pelo grupo Brigadas de Al Aqsa, braço radical do
Fatah, do presidente palestino
Mahmoud Abbas. Não havia registro de mortes até o fechamento desta edição.
"Dei ordem para intensificar
a ação do Exército e dos serviços de segurança, para caçar os
terroristas, aqueles que os enviaram e aqueles que os protegem", disse Olmert em reunião
do gabinete.
O vice-premiê Shimon Peres
declarou à rede de TV americana CNN que o ataque ao escritório de Haniyeh foi um "aviso
claro de que é para ele parar o
comportamento duplo". "Ou
esse é um governo com todas as
responsabilidades ou é uma organização terrorista, com todas
as conseqüências."
Israel, que se retirou da faixa
de Gaza no ano passado, enviou
tropas e tanques para o sul do
território na terça-feira, dois
dias após radicais palestinos
capturarem o soldado israense
Gilad Shalit, 19. Segundo Haniyeh, seu governo não tem contato com os seqüestradores.
O vice-premiê israelense
afirmou que o país levará à Justiça dirigentes palestinos capturados envolvidos no seqüestro. "Eles serão acusados de
participar e de apoiar atos terroristas contra o governo civil."
"Mar de sangue"
Os três grupos armados que
mantêm Shalit, entre eles o
braço armado do Hamas, querem trocar informações sobre o
soldado pela libertação de "mil
prisioneiros", mas não prometem o fim do seqüestro.
Israel já atacou o Ministério
do Interior em Gaza e capturou
membros do Hamas na Cisjordânia, incluindo oito ministros
palestinos e 20 deputados.
Em resposta à ação israelenses, o braço armado do Hamas
ameaçou atacar centrais de eletricidade e escolas no Estado
judeu -ataque de Israel na véspera atingira uma escola vazia.
Alertou que a região pode virar
um "mar de sangue" se a ofensiva israelense for mantida.
Olmert afirmou não ter "intenção de ceder à chantagem".
Síria
Acredita-se que os captores
de Shalit atenderiam Khaled
Meshal, líder do Hamas exilado
na Síria. Mas ele nega ter autoridade para resolver a crise.
"Não temos contato com aqueles que mantêm o prisioneiro",
disse Osama Hamdam, um dos
líderes do grupo no Líbano.
O chefe da Segurança Interna de Israel, Yuval Diskin, disse
que a crise pode levar meses até
ser resolvida. Segundo o diário
"Haaretz", em conversa telefônica com a secretária de Estado
dos EUA, Condoleezza Rice,
Olmert afirmou que a chave para resolver o caso está em Damasco -que, para ele, deveria
desmantelar grupos terroristas
baseados na Síria- e que o governo "usará todos os meios
disponíveis" para libertar o soldado. Expressou ainda sua gratidão aos esforços do ditador
egípcio, Hosni Mubarak, que
tem mediado esforços diplomáticos para solucionar a crise.
Mubarak pediu ajuda ao ditador sírio, Bashar Assad, para
persuadir os líderes do Hamas
a soltar Shalit. Mas a Síria disse
ontem que não pressionará o
Hamas para solucionar a crise
enquanto houver ataques de Israel. Também ontem o Exército israelense matou três palestinos armados em confronto no
sul da faixa de Gaza.
Mohammed Deif, militante
do Hamas que encabeça a lista
dos mais procurados por Israel
há uma década, apareceu na
manhã de hoje (noite de ontem
no Brasil) num documentário
da rede Al Jazeera, conclamando "todo muçulmano no mundo" a "lutar pela libertação" do
"território islâmico". Ele manteve o rosto coberto e foi filmado andando ao lado de um repórter. Deif é acusado por Israel de ser responsável por vários atentados suicidas no país.
Com agências internacionais
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