São Paulo, terça-feira, 03 de julho de 2007

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Putin propõe nova opção a escudo dos EUA

Mas idéia, com radares na Rússia, é rejeitada por Bush na "cúpula da lagosta"; permanece desacordo sobre sanções ao Irã

Os dois presidentes também mantêm divergências sobre independência de Kosovo; Bush diz, apesar de tudo, que relações são "sólidas"

Divulgação/Casa Branca
Bush pai (esq.) e Bush filho (dir.) olham o presidente russo, Vladimir Putin, com o peixe que apanhou em pescaria no Maine

DA REDAÇÃO

O presidente russo, Vladimir Putin, propôs ontem ao presidente americano, George W. Bush, um "sistema ampliado" antimísseis que incorporasse radares em seu território e cristalizasse uma aliança entre a Rússia e a Otan, a aliança militar ocidental.
Mas Bush, apesar de qualificar a idéia de "sincera e inovadora", respondeu que seu país continua convencido de que o sistema, idealizado para conter mísseis hostis do Irã ou da Coréia do Norte, seria mais eficiente caso respeitasse o projeto original do Pentágono, que prevê instalações na Polônia e na República Tcheca, que integravam a esfera de influência russa nos tempos soviéticos.
Esses dois países "devem permanecer como parte do sistema", afirmou ele.
A divergência não foi a única registrada durante "a cúpula da lagosta", assim chamada por ser uma das especialidades da pesca em Kennebunkport, cidadezinha americana no Estado do Maine, onde o ex-presidente George Bush, pai, hospedou para conversas informais seu filho e o presidente russo.

Sem acordo
A inexistência de acordos já era prevista. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, insistiu ontem no fato de não se esperar "nenhum anúncio importante", já que o encontro se destinava a "construir um relacionamento melhor" entre os dois governantes.
"Não é preciso esperar avanços", também disse, por sua vez, Dimitri Peskov, porta-voz do Kremlin.
O escudo antimísseis permanece o grande ponto de divergência entre os dois presidentes. Em 7 de junho, Putin -que teme o uso do dispositivo para neutralizar seu sistema defensivo nuclear- propôs como alternativa que o escudo utilizasse um poderoso radar russo construído durante o comunismo na vizinha República do Azerbaijão.
A idéia, recebida friamente por Bush, foi formalmente rejeitada uma semana depois pelo secretário americano da Defesa, Robert Gates.
De qualquer modo, o encontro de Kennebunkport -ele durou menos de 24 horas- serviu, na falta de novidades, para a troca de gentilezas.
"Se eu confio nele?", indagou Bush, ao lado de Putin e diante dos jornalistas. "Sim, eu confio nele. Há momentos em que concordamos e outros em que discordamos."
Elogiou a Rússia, que, durante a era Putin, "tem passado por transformações notáveis", como a eliminação da dívida externa e o crescimento da classe média". Disse que ele "e Vladimir" (Bush insiste em chamá-lo pelo prenome) concordam que o relacionamento entre ambos deve ser "sólido".
Os dois presidentes passearam por 90 minutos na Fidelity-3, a lancha da família Bush, pilotada por Bush, pai. Putin foi o único que pescou um peixe. "Mas foi um trabalho coletivo", disse o presidente americano.

Sanções contra o Irã
George W. Bush afirmou que "quando a Rússia e os Estados Unidos rezam pela mesma cartilha, há sempre bons efeitos na ONU". Ao que Putin acrescentou que "continuaremos a ter êxito se atuarmos juntos no Conselho de Segurança".
Os integrantes do CS discutem uma proposta americana de novas sanções contra o Irã, em razão da não interrupção de seu programa de enriquecimento de urânio. Mas sobre isso Putin foi mais evasivo. Sugeriu que se mantenham "entendimentos substanciais".
O Kremlin tem interesses econômicos de peso no Irã e, ao lado da China, tem bloqueado na ONU a aprovação de sanções mais inflexíveis.
Um terceiro ponto de divergência permaneceu em segundo plano: a independência de Kosovo, rejeitada pelos russos porque ela enfraqueceria a Sérvia, sua aliada, enquanto os Estados Unidos defendem que aquela Província se torne um Estado Independente.


Com agências internacionais


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