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Putin propõe nova opção a escudo dos EUA
Mas idéia, com radares na Rússia, é rejeitada por Bush na "cúpula da lagosta"; permanece desacordo sobre sanções ao Irã
Os dois presidentes também mantêm divergências sobre independência de Kosovo; Bush diz, apesar de tudo, que relações são "sólidas"
Divulgação/Casa Branca
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Bush pai (esq.) e Bush filho (dir.) olham o presidente russo, Vladimir Putin, com o peixe que apanhou em pescaria no Maine
DA REDAÇÃO
O presidente russo, Vladimir
Putin, propôs ontem ao presidente americano, George W.
Bush, um "sistema ampliado"
antimísseis que incorporasse
radares em seu território e cristalizasse uma aliança entre a
Rússia e a Otan, a aliança militar ocidental.
Mas Bush, apesar de qualificar a idéia de "sincera e inovadora", respondeu que seu país
continua convencido de que o
sistema, idealizado para conter
mísseis hostis do Irã ou da Coréia do Norte, seria mais eficiente caso respeitasse o projeto original do Pentágono, que
prevê instalações na Polônia e
na República Tcheca, que integravam a esfera de influência
russa nos tempos soviéticos.
Esses dois países "devem
permanecer como parte do sistema", afirmou ele.
A divergência não foi a única
registrada durante "a cúpula da
lagosta", assim chamada por
ser uma das especialidades da
pesca em Kennebunkport, cidadezinha americana no Estado do Maine, onde o ex-presidente George Bush, pai, hospedou para conversas informais
seu filho e o presidente russo.
Sem acordo
A inexistência de acordos já
era prevista. O porta-voz da Casa Branca, Tony Snow, insistiu
ontem no fato de não se esperar
"nenhum anúncio importante", já que o encontro se destinava a "construir um relacionamento melhor" entre os dois
governantes.
"Não é preciso esperar avanços", também disse, por sua
vez, Dimitri Peskov, porta-voz
do Kremlin.
O escudo antimísseis permanece o grande ponto de divergência entre os dois presidentes. Em 7 de junho, Putin -que
teme o uso do dispositivo para
neutralizar seu sistema defensivo nuclear- propôs como alternativa que o escudo utilizasse um poderoso radar russo
construído durante o comunismo na vizinha República do
Azerbaijão.
A idéia, recebida friamente
por Bush, foi formalmente rejeitada uma semana depois pelo secretário americano da Defesa, Robert Gates.
De qualquer modo, o encontro de Kennebunkport -ele
durou menos de 24 horas- serviu, na falta de novidades, para
a troca de gentilezas.
"Se eu confio nele?", indagou
Bush, ao lado de Putin e diante
dos jornalistas. "Sim, eu confio
nele. Há momentos em que
concordamos e outros em que
discordamos."
Elogiou a Rússia, que, durante a era Putin, "tem passado por
transformações notáveis", como a eliminação da dívida externa e o crescimento da classe
média". Disse que ele "e Vladimir" (Bush insiste em chamá-lo pelo prenome) concordam
que o relacionamento entre
ambos deve ser "sólido".
Os dois presidentes passearam por 90 minutos na Fidelity-3, a lancha da família Bush,
pilotada por Bush, pai. Putin foi
o único que pescou um peixe.
"Mas foi um trabalho coletivo",
disse o presidente americano.
Sanções contra o Irã
George W. Bush afirmou que
"quando a Rússia e os Estados
Unidos rezam pela mesma cartilha, há sempre bons efeitos na
ONU". Ao que Putin acrescentou que "continuaremos a ter
êxito se atuarmos juntos no
Conselho de Segurança".
Os integrantes do CS discutem uma proposta americana
de novas sanções contra o Irã,
em razão da não interrupção de
seu programa de enriquecimento de urânio. Mas sobre isso Putin foi mais evasivo. Sugeriu que se mantenham "entendimentos substanciais".
O Kremlin tem interesses
econômicos de peso no Irã e, ao
lado da China, tem bloqueado
na ONU a aprovação de sanções
mais inflexíveis.
Um terceiro ponto de divergência permaneceu em segundo plano: a independência de
Kosovo, rejeitada pelos russos
porque ela enfraqueceria a Sérvia, sua aliada, enquanto os Estados Unidos defendem que
aquela Província se torne um
Estado Independente.
Com agências internacionais
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