|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Filme retrata ascensão do neonazismo
MARCELO STAROBINAS
DA REDAÇÃO
Coquetéis molotov atravessam
as janelas de um abrigo para imigrantes. Enquanto os moradores
-vietnamitas, em sua maioria-
fogem aterrorizados em meio às
chamas, uma gangue de skinheads comemora e canta: "Alemanha para os alemães, estrangeiros fora".
A primeira cena de "A Liberdade de Rosenzweig", em exibição
no Festival de Cinema Judaico de
São Paulo, sintetiza a crueldade
dos ataques neonazistas que se
tornaram rotineiros na Alemanha
Oriental pós-Muro de Berlim.
O filme retrata o crescimento
dos movimentos racistas no país
nos anos 90. E explora um dilema
de inegável profundidade psicológica: como devem se portar,
frente àqueles que veneram Hitler, judeus alemães que perderam suas famílias inteiras no Holocausto nazista? Devem reagir
com violência? Ou respeitar a liberdade de expressão (a livre expressão do ódio)?
Michael Rosenzweig, judeu que
namora uma vietnamita, escapa
do incêndio no albergue para imigrantes. Durante a fuga, é perseguido pelos agressores e responde
a tiros. Na mesma noite, um líder
neonazista é assassinado.
Rosenzweig é preso e acusado
de ter cometido o crime. Na visão
da promotoria, o homicídio teria
sido uma vingança, uma ação judaica premeditada em resposta
aos ataques dos nacionalistas de
extrema direita.
Jacob, irmão do réu e advogado,
assume a defesa de Michael Rosenzweig. Na tentativa de provar
sua inocência, passa a enfrentar a
violência dos skinheads e o que
qualifica como "anti-semitismo
latente" do promotor alemão.
No julgamento, os irmãos Rosenzweig são levados a revisitar
feridas que acreditavam já estar
cicatrizadas cinco décadas após a
barbárie da Segunda Guerra
Mundial.
Inspirada em fatos reais, a trama consegue desenvolver com
sensibilidade uma ligação histórica entre o Holocausto e a luta
atual dos que desejam desenterrar
o ideário da supremacia ariana.
Dirigido por Liliane Targownik,
"A Liberdade de Rosenzweig" ganhou em 1999 o prêmio de melhor filme do Hollywood International Festival.
Filme: A Liberdade de Rosenzweig
Quando: Domingo, dia 6, às 14h30.
Onde: Cinesesc (r. Augusta, 2.075,
região central, tel. 282-0213).
Quanto: Entrada franca.
Texto Anterior: Internet auxilia a extrema direita Próximo Texto: Panorâmica: Mugabe diz que terras ocupadas ilegalmente serão desocupadas já neste mês Índice
|