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"Ameaça difusa confunde militares"
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
Como as atividades terroristas
não são explícitas, é difícil para o
governo de um país defender-se
delas, e a prudência pode transformar-se em paranóia. Essa
ameaça difusa acaba confundindo os estrategistas militares.
A análise é de James Lindsay,
ex-diretor para questões globais e
assuntos multilaterais do Conselho de Segurança Nacional dos
EUA (1996-1997).
Leia a seguir trechos de sua entrevista, por telefone, à Folha.
Folha - Como o sr. interpreta a nova atitude do Pentágono em relação aos líderes da Al Qaeda?
James Lindsay - Ela reflete a frustração de Donald Rumsfeld [secretário da Defesa" com o que ele
crê ser um excesso de prudência
do Comando Central. O general
Tommy Franks, que chefia o Comando Central, é reputado por
ser muito cuidadoso no que faz.
Passando o comando das operações a alguém considerado
mais agressivo, como o general
Charles Holland, que lidera o Comando de Operações Especiais,
Rumsfeld demonstra querer mais
ousadia nas missões realizadas.
Folha - Isso poderá surtir os efeitos esperados por Rumsfeld?
Lindsay - Na verdade, não creio
que ninguém tenha certeza disso.
Isso depende de sabermos ou não
onde os líderes da Al Qaeda se encontram. Não digo saber especificamente, mas ter uma idéia clara
do paradeiro deles. A verdadeira
questão é a seguinte: por que Osama bin Laden e seus asseclas ainda não foram encontrados?
Há algumas respostas possíveis.
Primeiro, eles continuam desaparecidos porque, em sua maioria,
já estão mortos devido aos bombardeios dos EUA. Segundo, porque eles conseguiram escapar à
vigilância dos militares americanos e desapareceram. Terceiro,
porque as forças de segurança
americanas têm sido "prudentes
demais" em suas missões. Talvez
tenhamos uma idéia da resposta
correta em alguns meses.
Folha - Trata-se de um fantasma
que assombra os militares?
Lindsay - A grande diferença entre a guerra ao terrorismo e a
Guerra Fria é que, no primeiro caso, o inimigo é quase invisível. Na
Guerra Fria, todos sabiam quem
eram os adversários, e, contando
tanques e mísseis, o comando militar tinha uma boa noção do potencial de seu oponente e da
ameaça que pairava sobre o país.
No que se refere à Al Qaeda,
ninguém tem uma real noção da
magnitude da ameaça. Rumsfeld
e [George W." Bush não sabem
muito mais do que os analistas. As
atividades da rede não são convencionais, o que abre caminho
para que a prudência se transforme em paranóia. Essa ameaça difusa confunde os militares.
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