DA REDAÇÃO

O sucesso de uma expedição submarina russa com forte conotação política causou frisson ontem entre a comunidade científica do país.
Dois pequenos submarinos, de cerca de 8 m de comprimento cada um, tocaram o subsolo marítimo do Ártico na latitude 86º, 4.200 m abaixo da superfície gelada, e literalmente depositaram lá uma bandeira da Rússia.
O explorador polar e parlamentar russo Artur Chilingarov, uma celebridade entre seus conterrâneos e que comandou a missão a bordo de um dos submarinos, descreveu o local como "amarelado" e se disse encantado com a experiência. "Se daqui a centenas de milhares de anos alguém descer até onde estivemos, ele verá a bandeira russa", disse Chilingarov.
O objetivo da expedição era coletar material para pesquisa científica e reforçar a reivindicação russa de propriedade do solo sob o mar Ártico. O local é rico em petróleo e outros minerais.
"Para mim é como colocar uma bandeira na lua; é realmente um grande feito científico", disse Sergei Balyasnikov, porta-voz da Instituto Ártico e Antártico Russo.
O presidente Vladimir Putin, que já havia sublinhado a necessidade da Rússia de buscar o que crê serem seus direitos no Ártico, felicitou os expedicionários.
Já o Canadá, país que também reivindica parte do território sob o Ártico, fez críticas. "Não estamos no século 15; não se pode sair pelo mundo fincando bandeiras e dizendo "nós reivindicamos esse território'", protestou o chanceler Peter MacKay.
O fato é que a área, que oficialmente é território internacional, é reivindicada não só por Rússia e Canadá, mas também já o foi por EUA, Dinamarca e Noruega. A ONU negou todos os pedidos de reconhecimento de posse de território encaminhados por esses países. Mas a Rússia crê que, com o material colhido ontem, provará que o local é uma extensão de sua plataforma continental.