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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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EUA

Senador Kerry, um dos democratas favoritos à Presidência, lança pré-candidatura

Herói do Vietnã desafia Bush em 2004

Jim Bourg/Reuters
Kerry discursa ao anunciar a intenção de disputar a Casa Branca


FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Começou na prática, ontem, a corrida pela sucessão do presidente dos EUA, o republicano George W. Bush. O senador John Kerry, considerado um dos favoritos no campo democrata, anunciou formalmente sua pré-candidatura e abriu uma nova temporada de ataques ao atual governo.
O anúncio de Kerry foi seguido pelo de alguns dos principais pré-candidatos democratas, como Howard Dean, ex-governador de Vermont, e Joe Lieberman, senador por Connecticut.
Tradicionalmente, a campanha nos EUA começa após o feriado do Dia do Trabalho, celebrado anteontem. Desta vez, o alvo da oposição a Bush convergiu para a economia, o assunto que mais interessa aos americanos, segundo recentes pesquisas de opinião.
O modo como Bush tem lidado com a economia é reprovado por 61% dos americanos, e 54% consideram que o setor vai mal, segundo sondagem da TV CBS.
"Os únicos empregos que Bush criou nos EUA são as nove vagas de pré-candidatos a presidente no Partido Democrata", disse Kerry.
Kerry, 59, está no seu quatro mandato como senador por Massachusetts e é herói da Guerra do Vietnã. Recebeu uma de suas condecorações após avançar atirando contra inimigos no rio Mekong.
Além da economia, Kerry tem ressaltado -assim como Dean, considerado o outro favorito- o discurso da segurança interna em seus pronunciamentos.
Sua tese principal é que Bush desviou-se do foco fundamental, a ameaça terrorista, após a campanha militar iniciada no Iraque.
Ontem, no anúncio de sua candidatura, Kerry se posicionou ao lado dos seus ex-companheiros na embarcação que pilotava no Vietnã e usou um porta-aviões como pano de fundo para mostrar afinidade com a área militar.
Na prática, porém, dois terços dos americanos não sabem ainda quem são os candidatos democratas para a eleição de novembro de 2004. Kerry, por exemplo, tem 5% das intenções de voto.
Mesmo entre os mais conhecidos e há mais tempo sob os holofotes, apenas três candidatos têm percentuais superiores a 10%.
O desconhecimento em torno dos nomes e o desinteresse em relação à campanha -apenas 15% dos eleitores dizem estar prestando atenção- fez surgir nos últimos dias especulações de que a ex-primeira-dama Hillary Clinton poderia entrar no páreo.
Hillary, que pode esperar até novembro para registar uma eventual candidatura, vem negando qualquer intenção, mas analistas acreditam que ela esteja na fase de "esperar para ver".
Bush, por sua vez, aparece nas pesquisas com o apoio de quase 40%, mas a metade do eleitorado diz acreditar que, desta vez, os democratas deveriam vencer.
Assim como os republicanos têm fama de competentes na área militar e de segurança, os democratas conseguem passar um discurso mais contundente, segundo pesquisas, na área econômica.
Nas últimas semanas, além da piora da percepção do público sobre como os EUA vêm administrando a situação no Iraque, o assunto foi relegado a segundo plano. Cerca de 24% dos eleitores, segundo o levantamento da CBS, querem saber as providências do próximo presidente para diminuir o desemprego -contra apenas 9% dos que pedem explicações sobre o Iraque.


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