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São Paulo, quarta-feira, 03 de setembro de 2003

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ORIENTE MÉDIO

Mofaz, da Defesa, acusa o palestino de ser um obstáculo ao plano de paz e propõe sua expulsão ainda neste ano

Ministro israelense quer expulsar Arafat

DA REDAÇÃO

O ministro da Defesa de Israel, Shaul Mofaz, disse ontem ser favorável à expulsão de Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), dos territórios palestinos porque ele estaria obstruindo a implementação do novo plano de paz.
Mofaz, ex-chefe das Forças Armadas, já defendeu a deportação de Arafat em outras oportunidades, mas sua proposta não foi aceita pelo premiê de Israel, Ariel Sharon, devido a uma provável reação internacional negativa.
"Israel cometeu um erro histórico por não tê-lo expulsado há dois anos", disse ele à rádio do Exército. "Quanto ao futuro, acho que teremos de enfrentar essa questão em pouco tempo, possivelmente neste ano."
"Arafat nunca quis chegar a um acordo conosco, tudo o que quer é continuar o conflito. Acredito que ele precise desaparecer do palco da história", afirmou.
O líder histórico palestino está há 18 meses confinado por Israel em seu QG parcialmente demolido em Ramallah (Cisjordânia). Israel e EUA o acusam de tolerar ou incentivar o terror. Arafat, 74, nega estimular o terrorismo e diz apoiar o plano de paz. Ele acusa Israel de destruir as forças de segurança palestinas, dificultando o combate aos terroristas.
A ameaça de Mofaz acontece num momento em que Arafat e o premiê da ANP, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu Mazen), travam uma feroz luta pelo poder. O moderado Mazen foi indicado pelo próprio Arafat, após intensa pressão dos EUA e de Israel. Mas, embora muitos palestinos estejam cansados da violência, Mazen tem tido dificuldade em obter apoio popular, justamente porque é visto como tendo sido "imposto" por Israel e EUA.
Já o confinamento de Arafat ajuda a aumentar a sua popularidade, embora as pesquisas indiquem que a maioria dos palestinos deseja o fim da violência atual -posição defendida por Mazen- por causa dos grandes transtornos diários que ela traz.

Disputa
Cerca de 200 parlamentares, acadêmicos e escritores palestinos publicaram uma carta em jornais na qual pediram que Mazen e Arafat resolvam suas diferenças.
Ahmed Korei, presidente do Parlamento palestino, disse anteontem que os dois, antigos aliados, hoje se odeiam.
O Parlamento palestino deve se reunir ainda nesta semana para avaliar a gestão de Mazen. Há a possibilidade de uma moção de desconfiança ser votada.
Arafat ainda controla as principais forças de segurança palestinas. Israel e EUA exigem que elas sejam usadas para desmantelar os grupos terroristas, como prevê o plano de paz. O enfraquecido Mazen age com cautela, temendo que uma ação desse tipo possa gerar uma guerra civil palestina.
Mofaz disse que a expulsão de Arafat, se acontecer, ocorrerá num momento cuidadosamente escolhido para não prejudicar Mazen. Para Ghassan Khatib, ministro da ANP, as declarações de Mofaz apenas aumentaram as tensões: "São consistentes com o espírito de escalonamento praticado pela liderança israelense".


Com agências internacionais

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