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ORIENTE MÉDIO
Mofaz, da Defesa, acusa o palestino de ser um obstáculo ao plano de paz e propõe sua expulsão ainda neste ano
Ministro israelense quer expulsar Arafat
DA REDAÇÃO
O ministro da Defesa de Israel,
Shaul Mofaz, disse ontem ser favorável à expulsão de Iasser Arafat, presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), dos territórios palestinos porque ele estaria obstruindo a implementação
do novo plano de paz.
Mofaz, ex-chefe das Forças Armadas, já defendeu a deportação
de Arafat em outras oportunidades, mas sua proposta não foi
aceita pelo premiê de Israel, Ariel
Sharon, devido a uma provável
reação internacional negativa.
"Israel cometeu um erro histórico por não tê-lo expulsado há
dois anos", disse ele à rádio do
Exército. "Quanto ao futuro, acho
que teremos de enfrentar essa
questão em pouco tempo, possivelmente neste ano."
"Arafat nunca quis chegar a um
acordo conosco, tudo o que quer
é continuar o conflito. Acredito
que ele precise desaparecer do
palco da história", afirmou.
O líder histórico palestino está
há 18 meses confinado por Israel
em seu QG parcialmente demolido em Ramallah (Cisjordânia). Israel e EUA o acusam de tolerar ou
incentivar o terror. Arafat, 74, nega estimular o terrorismo e diz
apoiar o plano de paz. Ele acusa
Israel de destruir as forças de segurança palestinas, dificultando o
combate aos terroristas.
A ameaça de Mofaz acontece
num momento em que Arafat e o
premiê da ANP, Mahmoud Abbas (mais conhecido como Abu
Mazen), travam uma feroz luta
pelo poder. O moderado Mazen
foi indicado pelo próprio Arafat,
após intensa pressão dos EUA e
de Israel. Mas, embora muitos palestinos estejam cansados da violência, Mazen tem tido dificuldade em obter apoio popular, justamente porque é visto como tendo
sido "imposto" por Israel e EUA.
Já o confinamento de Arafat
ajuda a aumentar a sua popularidade, embora as pesquisas indiquem que a maioria dos palestinos deseja o fim da violência atual
-posição defendida por Mazen- por causa dos grandes
transtornos diários que ela traz.
Disputa
Cerca de 200 parlamentares,
acadêmicos e escritores palestinos publicaram uma carta em jornais na qual pediram que Mazen e
Arafat resolvam suas diferenças.
Ahmed Korei, presidente do
Parlamento palestino, disse anteontem que os dois, antigos aliados, hoje se odeiam.
O Parlamento palestino deve se
reunir ainda nesta semana para
avaliar a gestão de Mazen. Há a
possibilidade de uma moção de
desconfiança ser votada.
Arafat ainda controla as principais forças de segurança palestinas. Israel e EUA exigem que elas
sejam usadas para desmantelar os
grupos terroristas, como prevê o
plano de paz. O enfraquecido Mazen age com cautela, temendo que
uma ação desse tipo possa gerar
uma guerra civil palestina.
Mofaz disse que a expulsão de
Arafat, se acontecer, ocorrerá
num momento cuidadosamente
escolhido para não prejudicar
Mazen. Para Ghassan Khatib, ministro da ANP, as declarações de
Mofaz apenas aumentaram as
tensões: "São consistentes com o
espírito de escalonamento praticado pela liderança israelense".
Com agências internacionais
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