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Putin explora terror contra críticos
DA ASSOCIATED PRESS
O presidente russo, Vladimir
Putin, apresenta os rebeldes na
Tchetchênia como parte da ameaça terrorista internacional encabeçada pela Al Qaeda. Mas, ainda
que a insurgência tchetchena tenha recebido apoio de combatentes islâmicos estrangeiros, os analistas dizem que ela continua sendo principalmente um movimento nacionalista pela independência em relação à Rússia.
As freqüentes afirmações de Putin que ligam os rebeldes ao principal alvo dos EUA na guerra contra o terrorismo são vistas como
um esforço para diminuir as críticas ocidentais contra a mão pesada russa na campanha de pacificação da Tchetchênia.
O objetivo de Putin, diz Alexander Golts, analista militar russo,
era "pôr a Rússia entre os que lutam contra o terrorismo para dizer: "Veja, nós lutamos contra o
mesmo inimigo, mas em outro
front, na Tchetchênia'". "É a melhor forma de evitar qualquer tipo
de crítica", diz Golts.
Apesar do apoio estrangeiro e
do recente aumento de fervor pelo islamismo, o fragmentado movimento continua mais voltado
para o conflito com a Rússia do
que para a "jihad" (guerra santa)
contra a América.
"A resistência continua nacionalista", afirma Golts. "Mas, após
dez anos de guerra brutal, é mais
ou menos natural que ela se torne
aberta a toda idéia selvagem vinda do Oriente Médio com dinheiro, instrutores e aventureiros."
Durante e depois da guerra de
1994-96, que levou a uma retirada
temporária russa, um senhor da
guerra saudita lutando sob o nome de Khattab apareceu como
um importante comandante
-mas se espelhava nas "jihads"
dos anos 80 contra a invasão da
URSS no Afeganistão, indicando
fontes sauditas de recursos.
Os árabes, com sua estrita observância do islã, entraram em
atrito com outros comandantes
tchetchenos e com a população
local, de uma tradição muçulmana mais leniente.
O levante, que começou como
uma disputa puramente nacionalista por independência, tornou-se então mais islamizado.
Os laços atuais com o islã são
complexos, mesmo com a redução do apoio financeiro, de acordo com Malashenko, especialista
na região. "No início, o conflito
não tinha relação com o islã", disse. Entretanto, nos últimos quatro
anos, "uma parte dos tchetchenos
e muçulmanos de outras regiões
da Rússia mais e mais se identificou com a "jihad" global, e cada
vez mais pensa que não luta apenas contra a Rússia".
"Há uma troca de experiência",
diz o analista. "O uso de mulheres-bomba não foi inventado pelos tchetchenos."
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