São Paulo, sexta-feira, 03 de setembro de 2004

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ELEIÇÃO NOS EUA

"Atingimos terroristas em outros países para não enfrentá-los em casa", diria presidente no final de convenção

Bush enfatiza liderança contra o terror

FERNANDO CANZIAN
ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O presidente dos EUA, George W. Bush, repetiria ontem a mensagem do "conservadorismo com compaixão" e a da "liderança na guerra contra o terror", no discurso de encerramento da Convenção Nacional Republicana, em Nova York, encontro realizado para oficializar sua candidatura ao segundo mandato.
Reservando para si um tom "positivo" e de "esperança", Bush não se envolveria com os pesados ataques feitos contra seu adversário, o democrata John Kerry, durante a convenção.
"Concorro à Presidência com um plano claro e positivo de construir um mundo mais seguro e uma América com mais esperança. Concorro com uma filosofia de "conservadorismo com compaixão'", diria o presidente.
Boa parte do pronunciamento se concentraria nos "avanços" da guerra ao terror e nos "perigos" que os terroristas ainda representam à população dos EUA.
"Combatemos terroristas ao redor do mundo não com orgulho ou por poder, mas porque a vida dos nossos cidadãos está em risco", afirmaria. "Estamos atingindo terroristas em outros países para que não tenhamos de enfrentá-los em casa."
Bush voltaria a dizer que os EUA serão bem-sucedidos no Iraque. "Trabalhamos no avanço da liberdade no Oriente Médio porque a liberdade trará um futuro de esperança e a paz que todos queremos. Nós vamos vencer."
Sem citar Kerry, Bush afirmaria: "Esta nação quer uma liderança coerente, estável e com princípios". E citaria, com menos ênfase, economia, saúde e educação.
Nas últimas semanas, o ritmo da recuperação econômica americana diminuiu. Com 2,6 milhões de vagas perdidas em seu mandato, Bush seria defendido, antes de discursar, pelo governador republicano de Nova York, George Pataki.
"O presidente herdou uma recessão e disse que iria melhorar nossa economia. E ele fez isso."
Pataki se põe ao lado do vice-presidente, Dick Cheney, que atacou duramente Kerry na noite anterior. "O senador Kerry diz: "A América deveria ir à guerra não quando quer, mas quando precisa". Com licença, senador: os bombeiros e policiais que morreram no 11 de Setembro são heróis de uma guerra que eles nem sabiam que existia."
Levantamento do "New York Times" nos três primeiros dias da convenção mostrou que os republicanos citaram 86 vezes, sempre negativamente, o nome de Kerry em todos os discursos realizados. Durante a convenção democrata, em Boston, em julho, Bush foi citado somente em 19 ocasiões.
Já a palavra "empregos" apareceu 127 vezes nos três primeiros dias da convenção democrata. Na republicana, apenas 28 vezes.
Em editorial ontem, o "Times" condenou a atitude dos dois partidos. "Até agora, esta campanha tem sido de uma monumental simplicidade mental; os candidatos começam o dia nos dizendo como esta é a mais importante eleição da história do planeta, e depois aproveitam o resto de suas horas para ficar trocando tiros."
A 60 dias do pleito, Bush e Kerry começam hoje uma maratona de viagens e de exibição de comerciais de TV em dezenas de Estados onde estão concentrados os eleitores indecisos.
Pesquisas mostram que, entre os que já tomaram a decisão de voto, há uma divisão ao meio.


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