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São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2003

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França, Rússia e ONU atacam nova resolução dos EUA sobre o Iraque

DA REDAÇÃO

A França e a Rússia afirmaram que o novo projeto de resolução americano sobre o Iraque, apresentado formalmente ontem, não leva em conta suas exigências, enquanto o secretário-geral da ONU, Kofi Annan, afirmou que o texto não contém sua recomendação de que a transferência de poder a um governo interino iraquiano seja rápida.
Mas o projeto de resolução ganhou o apoio do Reino Unido -o mais próximo aliado dos EUA no que se refere ao Iraque-, que assinou o texto e se tornou seu co-autor. A Espanha e a Bulgária também deram uma resposta positiva à iniciativa americana.
A Alemanha, que, ao lado da França, exigira alterações no texto original do projeto de resolução dos EUA, também pareceu aceitar o novo texto.
Este prevê uma transferência gradual de autoridade a um governo interino iraquiano, mas não estabelece um cronograma para a entrega do poder político aos iraquianos. Além disso, o projeto americano mantém a Autoridade Provisória da Coalizão, que é liderada pelos EUA, no comando das operações no Iraque -até que haja eleições no país. A data das eleições também não foi especificada no texto.
A França, a Alemanha e a Rússia, que se opuseram à Guerra do Iraque, também defenderam, na semana passada, uma rápida transferência de poder aos iraquianos. O chanceler francês, Dominique de Villepin, chegou a afirmar que isso poderia ser feito até o final deste ano.
Na primeira reunião do Conselho de Segurança da ONU para discutir o projeto, o representante da França disse que o novo texto não corresponde às expectativas de Paris no que se refere a questões-chave, como a criação de um papel central para a ONU no Iraque e o lançamento de um processo político no país, o que lhe daria mais estabilidade.
Os EUA temem que uma rápida transferência de poder aos iraquianos leve ainda mais instabilidade ao Iraque, com diferentes grupos étnicos e religiosos se digladiando em busca de poder político e de influência.
Porém Washington precisa desesperadamente de ajuda financeira e militar na reconstrução do Iraque, podendo aceitar algumas exigências suplementares dos países que ainda se opõem a seu texto. A ocupação do Iraque custa cerca de US$ 4 bilhões por mês aos americanos, que ainda mantêm 130 mil militares no país.
O embaixador russo na ONU, Serguey Lavrov, disse que Moscou ainda estava estudando o novo projeto de resolução, mas salientou que a posição russa é clara. "Pensamos que devemos dar à ONU um papel de liderança no processo político. Trabalhando com os iraquianos, ela poderia criar um cronograma claro, que levaria à restauração da soberania iraquiana. Esse processo seria apoiado por uma força [militar] multinacional", declarou Lavrov.
O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, disse, na semana passada, que o processo de concepção da nova Constituição iraquiana poderia demorar seis meses. Antes disso, segundo ele, os EUA continuariam a comandar o processo político no país.


Com agências internacionais


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