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VIOLÊNCIA
Fabricantes de armas migram a países de lei frouxa, dizem ONGs
MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES
A globalização da indústria
de armas tem permitido que
países sob embargo recebam
armamentos que são utilizados contra civis, aponta relatório divulgado por ONGs
como a Oxfam e a Anistia Internacional. Intitulado "Armas sem Fronteiras", o relatório foi lançado ontem para
coincidir com a discussão do
tema na Assembléia Geral da
ONU, em Nova York.
As ONGs defendem a criação de um tratado que regule
internacionalmente esse comércio, banindo as vendas
para países que violam direitos humanos ou sofrem embargo da ONU por estarem
em conflitos internos.
"A indústria das armas é
global, mas a regulação do
comércio delas não é", afirmou Jeremy Hobbs, diretor
da Oxfam, à BBC.
Segundo o relatório, a busca por novos mercados e por
vantagens econômicas tem
feito os fabricantes de armas
migrarem para países onde
as rígidas regras do Código
de Conduta da Exportação
de Armas da União Européia
não se aplicam.
O texto cita o exemplo da
Glock, fabricante austríaca
de pistolas que registrou
uma filial brasileira em
2004, em São Paulo, e estaria
esperando autorização do
governo para começar a produção no Brasil.
Apesar de afirmar que
"não há indicações de que as
empresas tenham infringido
a lei" e que é "difícil determinar" se elas estão transferindo suas produções para evitar controles rígidos, o relatório indica que, na prática,
as armas podem ser exportadas para países em conflitos,
prolongando tragédias.
A produção continua concentrada em cinco países
-EUA, Rússia, Reino Unido,
França e Alemanha -, responsáveis por 82% das exportações mundiais de armas no ano passado.
Mas a última década viu
novos países -como Índia,
Coréia do Sul e Brasil- entrarem na lista dos que sediam as cem maiores fabricantes de armas do mundo.
Relatório recente da Oxfam indicou que as despesas
militares globais devem atingir um novo recorde neste
ano, chegando a US$ 1,06 trilhão (R$ 2,21 trilhões).
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