São Paulo, terça-feira, 03 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA

Fabricantes de armas migram a países de lei frouxa, dizem ONGs

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

A globalização da indústria de armas tem permitido que países sob embargo recebam armamentos que são utilizados contra civis, aponta relatório divulgado por ONGs como a Oxfam e a Anistia Internacional. Intitulado "Armas sem Fronteiras", o relatório foi lançado ontem para coincidir com a discussão do tema na Assembléia Geral da ONU, em Nova York.
As ONGs defendem a criação de um tratado que regule internacionalmente esse comércio, banindo as vendas para países que violam direitos humanos ou sofrem embargo da ONU por estarem em conflitos internos.
"A indústria das armas é global, mas a regulação do comércio delas não é", afirmou Jeremy Hobbs, diretor da Oxfam, à BBC.
Segundo o relatório, a busca por novos mercados e por vantagens econômicas tem feito os fabricantes de armas migrarem para países onde as rígidas regras do Código de Conduta da Exportação de Armas da União Européia não se aplicam.
O texto cita o exemplo da Glock, fabricante austríaca de pistolas que registrou uma filial brasileira em 2004, em São Paulo, e estaria esperando autorização do governo para começar a produção no Brasil.
Apesar de afirmar que "não há indicações de que as empresas tenham infringido a lei" e que é "difícil determinar" se elas estão transferindo suas produções para evitar controles rígidos, o relatório indica que, na prática, as armas podem ser exportadas para países em conflitos, prolongando tragédias.
A produção continua concentrada em cinco países -EUA, Rússia, Reino Unido, França e Alemanha -, responsáveis por 82% das exportações mundiais de armas no ano passado.
Mas a última década viu novos países -como Índia, Coréia do Sul e Brasil- entrarem na lista dos que sediam as cem maiores fabricantes de armas do mundo.
Relatório recente da Oxfam indicou que as despesas militares globais devem atingir um novo recorde neste ano, chegando a US$ 1,06 trilhão (R$ 2,21 trilhões).


Texto Anterior: Confronto entre palestinos avança com mais 2 mortos
Próximo Texto: Guerra sem limites: Carta da Al Qaeda aponta quartel-general no Paquistão
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.