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Duas Coréias se reúnem em Pyongyang
Ditador norte-coreano e presidente do Sul têm agenda que exclui formalizar o ponto final à guerra concluída em 1953
Acordo de paz depende dos
EUA, que exigem conclusão
do desmonte de instalação
atômica da Coréia do Norte;
Kim foi formal com visitante
France Presse
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Norte-coreanos saúdam Roh em Pyongyang; cúpula histórica pode beneficiar interesses mútuos
DA REDAÇÃO
O presidente da Coréia do
Sul, acompanhado de diplomatas e cerca de 200 empresários,
percorreu ontem por terra os
200 quilômetros que separam
Seul da capital norte-coreana,
Pyongyang, para a segunda reunião de cúpula desde que, há 54
anos, os dois países terminaram uma guerra de três anos
que os manteve divididos.
O ditador norte-coreano,
Kim Jong-il, recebeu friamente
o presidente Roh Moo-hyun,
apertando-lhe a mão durante a
cerimônia de boas-vindas de 12
minutos e lhe dizendo apenas:
""É um prazer encontrá-lo".
Flores cor-de-rosa
Em junho de 2000, quando
pela primeira vez Kim se avistou com um governante sul-coreano, o então presidente Kim
Dae-jung, foram longos os
abraços diante de fotógrafos e
um entoar improvisado conjunto de canções folclóricas.
Mesmo assim, agora o regime comunista enfeitou a cidade com flores de papel cor-de-rosa para a recepção ao visitante do sul e mobilizou dezenas
de milhares de pessoas para
gritarem um ensaiado "reunifiquemos a nossa pátria".
Kim não participou da reunião de trabalho com Roh. Delegou a missão a Kim Yong-nam, nominalmente o chefe de Estado, mas com poderes bem
menores que o seu. Kim e Roh
devem se reunir apenas hoje. A
delegação sul-coreana voltará
amanhã a Seul.
Os dois países estão separados desde 1953 por uma simples declaração de cessar-fogo.
Tecnicamente, ainda estão em
estado de guerra. Um tratado
definitivo de paz precisaria da
participação dos Estados Unidos e da China, também envolvidos naquele conflito.
Mas o presidente George W.
Bush diz que apenas dará esse
passo caso a Coréia do Norte,
que há um ano testou uma
bomba atômica, cumpra integralmente a promessa de se
desnuclearizar. Pyongyang já
desativou seu reator atômico,
fonte para a obtenção de plutônio. Mas ainda não forneceu informações detalhadas sobre
seus estoques de matéria físsil.
Roh tem apenas cinco meses
de mandato como presidente
pela frente e uma eleição presidencial em que a oposição é por
enquanto a favorita. Ele procura obter do Norte uma simples
"declaração de paz" que possa
lhe render votos, dizem alguns
especialistas. Para isso está disposto a não tocar em direitos
humanos, tema em que a ditadura de Pyongyang é em muitos sentidos vulnerável.
Por sua vez, a Coréia do Norte está interessada em obter do
vizinho capitalista US$ 20 bilhões para obras de infra-estrutura. O sucesso da zona comercial de Kaesong (capital sul-coreano e mão-de-obra norte-coreana) pode gerar experiências
semelhantes em cidades como
Nampo, Wonsan e Sinuiju.
Embora em fim de gestão,
Roh também acredita que a assinatura de um acordo comercial seria o embrião de uma
unificação política de longo
prazo. Mais que a bomba norte-coreana, Seul teme um colapso
abrupto do regime comunista,
que a deixaria com o ônus de
nutrir uma população hoje submetida a uma economia mal
equipada e falida.
Lenda histórica
O encontro em Pyongyang
coincide com as comemorações, hoje, dos 4.300 anos de
uma data mais lendária que
histórica, que é a da criação da
nação coreana.
Em seu trajeto até a capital
do Norte, Roh deteve-se a 45
km ao norte de Seul e atravessou a pé a zona desmilitarizada
do paralelo 38, que o armistício
de 1953 fixou como o limite entre os dois países e que se tornou, com o tempo, a última
fronteira problemática que sobreviveu à Guerra Fria.
Com agências internacionais
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