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SUCESSÃO NOS EUA / ELEIÇÕES LEGISLATIVAS
Bancada republicana encolherá
Renovação da Câmara e de um terço do Senado deve levar partido hoje no governo a perder até 24 vagas
Crise econômica favorece democratas, vistos como mais hábeis nesse campo; margem deve ser a maior para um partido em 15 anos
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Além de estar à frente na disputa da Casa Branca, o Partido
Democrata mantém em 2008
forte vantagem para a renovação do Congresso dos EUA,
com chances de expandir a
atual maioria em 5 a 7 vagas no
Senado e 12 a 17 na Câmara dos
Representantes (deputados),
segundo o influente centro de
análise Cook Political Report.
Se os números se confirmarem, será a maior vantagem de
um partido em 15 anos.
Desde a eleição de 2006,
quando recuperaram maioria
perdida em 1994, os democratas têm 49 vagas no Senado, um
empate com os republicanos
(há dois independentes), e 235
na Câmara, contra 199 oponentes (há uma cadeira vazia).
No cenário mais favorável ao
partido, os democratas terão
vantagem de 14 legisladores no
Senado e 70 na Câmara, controlando 57,5% do Congresso.
Outros institutos corroboram a análise. Larry Sabato, do
Centro de Política da Universidade da Virginia, prevê que o
partido avance de 9 a 15 vagas
na Câmara e de 5 a 7 no Senado.
"Não vimos os republicanos
diante de uma reviravolta como esta desde 1974, quando o
presidente Richard Nixon
[1969-74] renunciou em meio
ao [escândalo do] Watergate",
disse à Folha David Wasserman, do Cook Political Report.
Ele afirma que, desde o ano
passado, as projeções para o
avanço democrata em 2008 só
cresceram. "Ajudou o fato de
que o Iraque saiu do centro do
debate político e deu lugar a
um tema ainda pior para os republicanos: a economia." Historicamente, democratas são
vistos como mais hábeis quando o assunto é finanças.
Nem a péssima avaliação do
Congresso atrapalha. As duas
Casas, segundo média do site
Real Clear Politics, têm hoje
18% de aprovação -menos do
que o presidente George W.
Bush, com 26%. ""O eleitorado é
muito crítico ao Congresso,
mas não costuma culpar mais o
partido no poder do que o outro", diz Wasserman. "Para o
público, o problema ali é que as
duas legendas não conseguem
trabalhar juntas."
O analista destaca como conquistas significativas dos democratas avanços neste ano na
Flórida e no Colorado, que costumam enviar republicanos
para a Câmara.
Para o especialista em política Adam Sheingate, da Universidade Johns Hopkins, em Nova York, a eleição deste ano
"consolida a virada democrata
de 2006 para cá, desde quando
o partido só faz avançar".
Sheingate, porém, é cauteloso ao avaliar o provável ganho:
"Não chega a ser surpreendente. Seria menor do que o verificada na segunda metade da década de 70 e nos anos 80, sobretudo na Câmara", diz.
Um exemplo é o ano de 1975,
quando democratas na Câmara
pularam de uma maioria de 50
deputados a mais do que os republicanos para 147. E, até
1993, só uma legislatura teve
maioria democrata de menos
de 71 cadeiras -de 1981 a 1983,
quando a vantagem era de 50.
No Senado, de 1993 a 1995, os
democratas tinham vantagem
de 14 legisladores sobre os republicanos, a maior margem de
qualquer partido desde então.
Foco na crise
Com a crise econômica, as
atenções no Congresso aumentaram. A Câmara dos Representantes foi acusada de rejeitar um impopular pacote de
resgate de Wall Street proposto
pela Casa Branca por temer a
reação nas urnas, já que todas
as vagas da Casa vão a voto neste ano -deputados nos EUA
têm mandato de dois anos.
Já no Senado, a dinâmica é
diferente, pois a Casa é tradicionalmente menos vulnerável
a flutuações da opinião pública
por ter mandatos intercalados
de seis anos. Só um terço do Senado será renovado neste ano.
Com modificações, o resgate
a Wall Street foi aprovado nessa Casa na quarta, com apenas
25 votos contra (15 republicanos, 9 democratas e 1 independente). Desses, apenas 8 tentam a reeleição neste ano -2
democratas e 6 republicanos.
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