São Paulo, sexta-feira, 03 de outubro de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Foco

Pais exaustos usam brecha na lei para abandonar adolescentes nos EUA

DO "NEW YORK TIMES"

Os abandonos começaram em 1º de setembro, quando uma mãe deixou o filho de 14 anos em um posto policial.
Cinco outros adolescentes, entre 11 e 15 anos, foram largados em hospitais. A maior surpresa ocorreu na semana passada, quando um pai entregou 9 dos 10 filhos, entre 1 e 17 anos, dizendo que a mulher tinha morrido e não suportava o fardo de criá-los.
As autoridades do Estado americano de Nebraska vêem nos abandonos um abuso de uma nova lei, feita para evitar que recém-nascidos sejam deixados em locais de risco. Em vez disso, a lei vem sendo usada para entregar adolescentes incontroláveis ou, no caso do pai de dez filhos, para escapar do desespero financeiro e pessoal.
Em julho, Nebraska aprovou a criação dos chamados "santuários", onde mães podem abandonar seus bebês sem medo de punições. Leis similares existem na maioria dos Estados americanos, mas a de Nebraska tem um alcance mais amplo, protegendo jovens de até 19 anos.
Autor do projeto de lei, Arnie Stuthman, do Senado estadual, defende uma revisão para conter abusos. Mark Courtney, especialista em assistência à infância da Universidade de Washington, afirma que o que aconteceu em Nebraska "aconteceria em qualquer Estado". "Há um imenso vácuo de serviços para ajudar famílias desamparadas", diz.
Quando crianças sofrem abusos, podem entrar no sistema de assistência. Quando cometem crimes, entram no sistema penal juvenil. Mas, quando não se enquadram nessas categorias, com freqüência não têm apoio.
"Consegui deixar meus filhos em local seguro antes que ficassem sem teto", disse o viúvo pai de dez filhos. "Espero que o futuro deles seja melhor sem mim por perto."


Texto Anterior: Chefe de polícia responsável por caso Jean Charles abdica
Próximo Texto: Europa: Acordo sobre gás reaproxima russos e alemães
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.