São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2004 |
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O IMPÉRIO VOTA Indefinição em Estados-chave mantém a disputa acirrada
FERNANDO CANZIAN DE WASHINGTON Resultados preliminares de boca-de-urna divulgados na noite de ontem mostravam uma disputa apertada entre o republicano George W. Bush, 58, e democrata John F. Kerry, 60, na eleição presidencial dos EUA de 2004. Segundo essas sondagens, até o fechamento desta edição, Bush contava com 197 dos 270 votos que precisava para ganhar a eleição no Colégio Eleitoral. Kerry tinha 188 votos. As pesquisas, no entanto, ainda deixavam de fora Estados considerados decisivos nessa eleição, como Ohio, Michigan e Flórida. Com filas que começaram na madrugada e que se estenderam até o meio da noite, estima-se que de 117 milhões a 121 milhões de americanos votaram ontem para eleger o seu novo presidente. Confirmada a expectativa, terá sido a maior participação do eleitorado pelo menos desde 1968. Em alguns Estados, a boca-de-urna revelou até 15% a mais de eleitores nesta eleição em comparação com o pleito de 2000. Análises sustentavam que, quanto maior o comparecimento do eleitor às urnas, maiores as chances de Kerry. A campanha de Bush, porém, esperava compensar essa vantagem com uma mobilização maior de seus eleitores. A estimativa era a de que a eleição mais disputada, cara e importante da história americana atraísse de 58% a 60% dos eleitores -o voto nos EUA é facultativo-, segundo o Comitê de Estudos do Eleitorado Americano. Houve um retardamento do horário de fechamento das urnas em vários Estados para atender os eleitores que ainda estavam na fila para votar durante a noite. Apesar do temor de confusão e de contestações judiciais em muitos dos 50 Estados que votaram ontem, o pleito transcorreu sem maiores transtornos. O presidente Bush votou logo pela manhã acompanhando da mulher, Laura, e das duas filhas em uma estação de bombeiros próxima ao seu rancho, em Crawford, no Texas. Como em 2000, Bush fez discurso pela união do país caso vencesse. "Meu objetivo é ter uma agenda conjunta, que faça a América crescer, ficar mais segura e que una republicanos e democratas." Kerry também votou ao lado da mulher, Teresa, e das filhas em um prédio público, em Boston. "Hoje temos a chance de mudar o país. Bush fez suas escolhas. Faremos a nossa", declarou. Bush acompanhou o resultado da votação com os pais e a família. "Estou otimista. Acho que vou vencer", afirmou, à noite, na Casa Branca. Kerry permaneceu em Boston, onde também acompanhou a apuração com seus familiares. Para especialistas, um placar apertado poderia desencadear uma nova batalha judicial. Na Flórida, por exemplo, a estimativa é de existirem pelo menos 250 mil votos enviados pelo correio que podem ser contados até quinta-feira. Caso o resultado fique apertado no Estado, a contagem desses votos pode retardar o resultado final da votação. Foi um dia de sol em quase todo o país. Eleitores enfrentaram tempo ruim só em alguns Estados, como em Ohio. Uma decisão tomada na madrugada de anteontem em Ohio permitiu que os republicanos despachassem 3.600 partidários para fiscalizar e inquirir eleitores de várias seções eleitorais sobre a legitimidade de estarem votando. Os republicanos alegam que há suspeitas de fraudes no Estado envolvendo 35 mil eleitores fantasmas. O Partido Democrata recorreu sem sucesso da decisão. Segundo os democratas, o objetivo republicano é intimidar eleitores, principalmente negros, que tenderiam a votar em Kerry. Na Pensilvânia, os republicanos também apresentaram à Justiça queixa sobre o fato de quatro urnas eletrônicas estarem, segundo eles, adulteradas. Um juiz negou o pedido de desqualificar os votos computados nas máquinas. Ohio, Pensilvânia e Flórida eram os Estados considerados chave no pleito: detêm 68 votos no Colégio Eleitoral que manterá Bush como o 43º presidente ou escolherá Kerry como o 44º. John Zogby, pesquisador que fez levantamentos para a agência Reuters, projetava uma vitória de Kerry. Outros analistas ponderavam que ainda era muito cedo para prever resultados. Além da eleição presidencial, houve ontem votações para a escolha de 34 cadeiras do Senado e todas as 435 vagas da Câmara. Os republicanos atualmente dominam as duas Casas. Onze Estados votaram para governador. Próximo Texto: "Dei tudo de mim", afirma um confiante presidente após votar Índice |
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