|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Milhares vão às ruas exigir eleição antecipada na Geórgia
Com cerca de 50 mil pessoas, protesto é o maior desde a Revolução Rosa, em 2003
Manifestantes pedem o fim da concentração de poderes por presidente pró-Ocidente
e exigem que Saakashvili
antecipe pleito legislativo
STEFAN WAGSTYL
DO "FINANCIAL TIMES"
Dezenas de milhares de georgianos participaram ontem de
manifestações contra o presidente Mikhail Saakashvili em
Tbilisi, no maior protesto popular desde a Revolução Rosa,
de 2003, que conduziu o líder
pró-ocidental ao poder.
Repórteres presentes estimaram em mais de 50 mil os
participantes do protesto pacífico organizado por cerca de
dez partidos oposicionistas que
acusam Saakashvili de comprometer a democracia no país,
concentrando poder excessivo.
Os manifestantes agitaram
faixas dizendo "Geórgia sem
presidente" e pediram a antecipação das eleições parlamentares, seguidas por alterações
constitucionais para transferir
poderes da Presidência para o
Parlamento. O empresário bilionário Badri Patarkatsishvili,
que apóia o movimento oposicionista, disse à multidão: "Façamos tudo o que estiver a nosso alcance para levar o governo
a iniciar um diálogo e finalmente escolher um governo que sirva à população".
Acredita-se que a oposição
não represente uma ameaça
imediata a Saakashvili, que vem
promovendo o crescimento
econômico acelerado graças a
reformas econômicas implementadas rapidamente e que
desenvolveu as relações da
Geórgia com o Ocidente, de
modo a contrabalançar a influência da Rússia.
Repressão
Os protestos chamam a atenção para as críticas crescentes
às táticas políticas intransigentes do presidente. Em entrevista ao "Financial Times", Patarkatsishvili, que apoiou Saakashvili na Revolução Rosa,
acusou-o de usar a imprensa, os
tribunais e a burocracia para
reprimir a oposição.
Para constrangimento de
Saakashvili, o protesto coincidiu com uma conferência internacional em Tbilisi da qual participaram representantes dos
EUA e de países da União Européia, que foram à Geórgia para
destacar o apoio do Ocidente ao
país em seu esforço para conter
a influência russa.
Os protestos foram desencadeados por Irakli Okruashvili,
ex-ministro da Defesa e aliado
próximo de Saakashvili, que
acusou o presidente de corrupção e de tramar o assassinato de
Patarkatsishvili. Okruashvili
foi detido, mas libertado sob
fiança depois de retratar-se.
Inesperadamente, porém,
Okruashvili não esteve na manifestação de ontem. Seu advogado, Eka Beselia, disse que o
ex-ministro foi levado para a
França, passando pela Alemanha, por agentes da segurança.
Representantes do governo
alegam que ele deixou o país
para tratamento médico.
Os partidos oposicionistas
prometeram manter os protestos até ser atendida a reivindicação de eleições antecipadas.
Tradução de CLARA ALLAIN
Texto Anterior: Mianmar: Militares expulsam diplomata da ONU Próximo Texto: EUA prometem a turcos mais ação contra curdos Índice
|