São Paulo, sábado, 03 de novembro de 2007

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Milhares vão às ruas exigir eleição antecipada na Geórgia

Com cerca de 50 mil pessoas, protesto é o maior desde a Revolução Rosa, em 2003

Manifestantes pedem o fim da concentração de poderes por presidente pró-Ocidente e exigem que Saakashvili antecipe pleito legislativo

STEFAN WAGSTYL
DO "FINANCIAL TIMES"

Dezenas de milhares de georgianos participaram ontem de manifestações contra o presidente Mikhail Saakashvili em Tbilisi, no maior protesto popular desde a Revolução Rosa, de 2003, que conduziu o líder pró-ocidental ao poder.
Repórteres presentes estimaram em mais de 50 mil os participantes do protesto pacífico organizado por cerca de dez partidos oposicionistas que acusam Saakashvili de comprometer a democracia no país, concentrando poder excessivo.
Os manifestantes agitaram faixas dizendo "Geórgia sem presidente" e pediram a antecipação das eleições parlamentares, seguidas por alterações constitucionais para transferir poderes da Presidência para o Parlamento. O empresário bilionário Badri Patarkatsishvili, que apóia o movimento oposicionista, disse à multidão: "Façamos tudo o que estiver a nosso alcance para levar o governo a iniciar um diálogo e finalmente escolher um governo que sirva à população".
Acredita-se que a oposição não represente uma ameaça imediata a Saakashvili, que vem promovendo o crescimento econômico acelerado graças a reformas econômicas implementadas rapidamente e que desenvolveu as relações da Geórgia com o Ocidente, de modo a contrabalançar a influência da Rússia.

Repressão
Os protestos chamam a atenção para as críticas crescentes às táticas políticas intransigentes do presidente. Em entrevista ao "Financial Times", Patarkatsishvili, que apoiou Saakashvili na Revolução Rosa, acusou-o de usar a imprensa, os tribunais e a burocracia para reprimir a oposição.
Para constrangimento de Saakashvili, o protesto coincidiu com uma conferência internacional em Tbilisi da qual participaram representantes dos EUA e de países da União Européia, que foram à Geórgia para destacar o apoio do Ocidente ao país em seu esforço para conter a influência russa.
Os protestos foram desencadeados por Irakli Okruashvili, ex-ministro da Defesa e aliado próximo de Saakashvili, que acusou o presidente de corrupção e de tramar o assassinato de Patarkatsishvili. Okruashvili foi detido, mas libertado sob fiança depois de retratar-se.
Inesperadamente, porém, Okruashvili não esteve na manifestação de ontem. Seu advogado, Eka Beselia, disse que o ex-ministro foi levado para a França, passando pela Alemanha, por agentes da segurança.
Representantes do governo alegam que ele deixou o país para tratamento médico.
Os partidos oposicionistas prometeram manter os protestos até ser atendida a reivindicação de eleições antecipadas.


Tradução de CLARA ALLAIN


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