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Público dos comícios de McCain encolhe
Republicano fala para 3.000 pessoas em Virgínia, Estado-pêndulo que pode votar democrata pela primeira vez desde 1964
Obama abriu 74 comitês na região, que tem 13 votos no Colégio Eleitoral; ataques de oradores à mídia levantam
os eleitores conservadores
FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL A SPRINGFIELD (VIRGINIA)
A novidade visível no Estado
de Virgínia, onde John McCain
fez intensa campanha no fim de
semana, é que os comícios do
republicano atraem menos militantes do que há um mês e
meio. No sábado, em Springfield, cerca de 3.000 pessoas se
deram ao trabalho de aproveitar o dia de sol para ver o candidato falar no início da tarde.
Em 10 de setembro passado,
a Folha acompanhou outro comício de McCain na região, na
cidade de Fairfax, e 23 mil pessoas se espremeram para encontrar um lugar no local onde
o republicano discursou. Era
uma quarta-feira de manhã.
Muitos chegaram a faltar ao
trabalho para ir ao evento.
Virgínia, que tem 13 votos no
Colégio Eleitoral, é um Estado
republicano há décadas. A última vitória de um candidato a
presidente democrata ocorreu
em 1964, quando Lyndon
Johnson superou Barry Goldwater -Johnson disputava a
reeleição depois de ter herdado
o cargo um ano antes de John
Kennedy, assassinado em 1963.
Em resumo, os democratas
só venceram na Virgínia há
mais de 40 anos por causa de
uma situação excepcional. O
cenário pode se repetir, embora ontem a vantagem de Barack
Obama estivesse na margem de
erro das pesquisas. Pela média
dos levantamentos locais agregados pelo site especializado
Real Clear Politics, ele tem
49,8%, contra 46% de McCain.
O democrata tem 74 comitês
no Estado, contra apenas 21 do
republicano.
Há um mês e meio, quando
ainda lotava seus comícios na
Virgínia, McCain aparecia de
quatro a nove pontos à frente
nas pesquisas locais. Agora, em
baixa, até a música tocada
quando ele sobe ao palanque
mudou. Em setembro, o público ouvia "The Eye of the Tiger",
o sucesso pop de 1982 da banda
Survivor, tema de vários filmes
da série "Rocky, um lutador".
No sábado, a canção escolhida
foi "Gonna Fly Now", tema
central do personagem Rocky
Balboa, cuja letra tem uma estrofe quase premonitória: "Estou me esforçando muito agora... Está tão difícil agora...".
"Vai, Fox"
Na platéia, os momentos de
maior excitação se dão quando
os oradores que precedem
McCain ao microfone reclamam da mídia. Em dado momento, os militantes começaram a gritar: "Vai, Fox!, Vai,
Fox!". É uma referência à rede
de TV Fox, a única amplamente
favorável à candidatura republicana -o magnata Rupert
Murdoch é o dono da emissora.
"Eu acho que a mídia tem nos
dado um visão distorcida da
realidade. Não creio que essas
pesquisas estejam totalmente
corretas. Mas nós vamos resistir e eleger McCain mesmo assim", disse Barbara Starrs, 73,
aposentada presente ao comício de sábado em Springfield.
O público mais idoso era numeroso no evento. Uma diferença em relação às concentrações a favor do candidato em
setembro, quando se via mais
jovens. Cindy Han, 64, professora coreana naturalizada americana, acredita na pressão da
mídia. "O noticiário é muito
desfavorável. Não posso deixar
de mencionar também a habilidade de Barack Obama em fazer seus discursos. Mas as pessoas não percebem que ele, se
for eleito, será muito ruim para
o país por não privilegiar os que
trabalham duro e fazem a riqueza dos EUA pagando impostos. Ele terá de aumentar os
impostos para fazer o que vem
prometendo."
"Lutem"
Apesar da nítida redução de
entusiasmo de seu público,
McCain não passou recibo e leu
seu discurso padronizado da
mesma forma. "Levantem-se e
lutem" é sempre sua frase final.
À noite, no sábado, ele e a mulher Cindy foram ao programa
humorístico "Saturday Night
Live", da NBC, em Nova York.
Hoje, McCain fará uma maratona. Das 6h à 0h, pretende
fazer comícios em sete Estados:
Flórida, Virgínia, Pensilvânia,
Indiana, Novo México, Nevada.
O último será o Arizona, onde
chega à noite. Todos, exceto a
Pensilvânia, são Estados nos
quais George W. Bush venceu
na eleição de 2004.
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