São Paulo, segunda-feira, 03 de novembro de 2008

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Seriado de TV prenunciou disputa pela Casa Branca

"The West Wing", exibido até 2006, focou suas últimas duas temporadas em eleição

Semelhanças vão desde o perfil dos candidatos até a escolha dos vices, passando por crises que emergem nos períodos das campanhas

DO "NEW YORK TIMES"

Os roteiristas de "The West Wing" vêem com espanto a evolução desta eleição. Os paralelos entre as duas temporadas finais da série (exibida até 2006 pela rede de TV NBC) e a atual temporada política são indisfarçáveis. A ficção, uma vez mais, anteviu a realidade.
As alusões a Obama podem ser vistas pelo espectador em quase todas as facetas de Matthew Santos, o candidato democrata hispânico interpretado por Jimmy Smits. E não são mera coincidência. Um roteirista da série se interessou pelo senador após seu discurso na Convenção Democrata 2004. Santos anuncia sua candidatura dizendo a seus partidários: "Estou aqui para afirmar que a esperança é real." Os telespectadores quase podem ouvir a platéia dizer "yes, we can" (sim, nós podemos).
As comparações entre o senador McCain e o candidato republicano da série, o grisalho veterano do Senado Arnold Vinick, também são inúmeras. Vinick, interpretado por Alan Alda, é visto como ameaça aos democratas por sua capacidade de atrair eleitores moderados.
Até mesmo as escolhas para a disputa da Vice-Presidência são semelhantes. Os democratas selecionam um veterano de Washington como candidato a vice, para tornar a chapa mais preparada em termos políticos, enquanto os republicanos optam por um governador firmemente conservador para manter a lealdade de sua base. Ecoando críticas recebidas por McCain nas primárias, um assessor da Casa Branca em "The West Wing" (que é o nome da ala contígua à Casa Branca que abriga o staff da Presidência) diz que Vinick "não é conservador o suficiente" para a base republicana.
Como a campanha de Obama gira nestas últimas semanas, o diretor da equipe de Santos diz que "essa nova mensagem econômica pode garantir nossa vitória". Ali não ocorre uma crise econômica, mas duas emergências consecutivas no seriado -problemas em uma usina nuclear e uma disputa no Cazaquistão- fazem lembrar a atual crise econômica, ao menos no aspecto de algo imponderável que pode decidir o resultado.
Como fez o presidente Bush nas negociações do pacote de resgate econômico, Jed Bartlet, o presidente democrata interpretado por Martin Sheen, convida os dois candidatos a visitar a Casa Branca para informá-los sobre a situação. Diante da perspectiva de enviar 150 mil soldados ao Cazaquistão a três meses da eleição, Vinick resmunga: "Adeus ao corte de impostos". E diz a Santos: "Seu plano de educação rodou". No Reino Unido, onde a série continua popular com reprises, um blog do jornal "Telegraph" declarava em um título que "Barack Obama vai vencer. "The West Wing" explica tudo".


Tradução de PAULO MIGLIACCI


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