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Afeganistão cancela 2º turno e ratifica Karzai
Um dia após opositor Abdullah retirar candidatura, comissão eleitoral declara vitória de presidente, que terá novo mandato de 5 anos
Decisão põe fim a mais de dois meses de indefinição política, desencadeada por fraudes registradas no primeiro turno, em agosto
DA REDAÇÃO
Autoridades afegãs anunciaram ontem o cancelamento do
segundo turno da eleição presidencial do país, marcado para
sábado, e proclamaram o atual
ocupante do cargo, Hamid Karzai, reeleito.
A decisão foi tomada um dia
após o ex-chanceler Abdullah
Abdullah ter retirado sua candidatura, alegando que as fraudes registradas na primeira votação, em 20 de agosto, seriam
repetidas, já que o governo se
recusara a substituir o chefe da
Comissão Eleitoral Independente (CEI), Azizullah Lodin,
apontado como pró-Karzai.
"Sua Excelência, Hamid Karzai, que teve a maioria dos votos no primeiro turno e é o único candidato no segundo, é declarado pela CEI como o presidente eleito do Afeganistão",
anunciou Lodin. Ele afirmou
que a Constituição afegã só permite um segundo turno se houver dois candidatos.
O porta-voz de Abdullah, Fazel Sancharaki, disse, porém,
que a decisão não reflete a lei
afegã, mas negou-se a dizer se o
ex-chanceler irá questioná-la.
"Esperávamos que essa comissão anunciasse algo parecido
porque essa comissão nunca foi
independente e sempre apoiou
o presidente Karzai", afirmou.
Já na comunidade internacional houve quem comemorasse o anúncio. Em visita surpresa a Cabul, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que "lições devem ser aprendidas" do que chamou de "difícil processo eleitoral". "O Afeganistão agora enfrenta desafios significativos, e o novo presidente deve rapidamente
formar um governo que seja capaz de conseguir o apoio tanto
da população afegã quanto da
comunidade internacional."
Reino Unido, França e Alemanha parabenizaram Karzai e
cobraram mais esforços contra
a corrupção e a insurgência.
Além de colocar fim a mais de
dois meses de indefinição política, o cancelamento do pleito
representou um alívio para
seus organizadores, que enfrentavam as ameaças do rigoroso inverno afegão -que deixa
parte do país inacessível- e de
uma onda de violência gerada
pelo Taleban, que ameaçou atacar qualquer um que participasse da votação.
Karzai comanda o Afeganistão desde 2001, quando as forças militares lideradas pelos
EUA invadiram o país e tiraram
o Taleban do poder. Em 2004,
ele foi oficialmente eleito presidente, e a vitória anunciada ontem dará a ele mais cinco anos
no cargo. O presidente tem sido
criticado por sua falta de esforços contra a corrupção. Sua legitimidade também foi questionada depois de um primeiro
turno marcado por irregularidades que forçaram a realização de uma nova votação.
Existe ainda o temor de que
um governo fraco comandado
por Karzai possa representar
um golpe contra o presidente
dos EUA, Barack Obama, que
analisa a possibilidade de enviar até 40 mil soldados para
reforçar a luta contra a crescente insurgência do Taleban.
A decisão ainda pode levar semanas para ser anunciada.
Do outro lado, analistas afirmam que Abdullah saiu fortalecido do episódio, como líder da
antes fragmentada oposição
afegã. Para ter um governo com
mais credibilidade, Karzai pode
ter de incluir alguns partidários
do opositor em seu gabinete.
Abdullah se disse aberto a
negociações, mas afirmou que
não fechou acordos em troca de
sua desistência. Ele deve fazer
novo pronunciamento hoje.
Com agências internacionais
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