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Ataque no Paquistão mata 35, e ONU anuncia retirada
Violência é vista como reação à campanha militar contra bastião de insurgentes
Exército paquistanês ocupa um "centro operativo" do Taleban, e governo oferece dinheiro por captura de líderes do grupo extremista
DA REDAÇÃO
O Paquistão foi alvo de mais
dois atentados suicidas ontem,
em aparente nova reação do
Taleban à ofensiva do Exército
paquistanês contra bastiões
dos radicais islâmicos. A violência deve forçar a saída da
ONU de locais de risco.
Em Rawalpindi, perto da capital Islamabad (nordeste), um
duplo atentado à bomba em
frente a um banco deixou 35
mortos (entre eles quatro militares) e 60 feridos. Horas depois, em Lahore, no leste do
país, a explosão de um carro
perto de um posto policial deixou ao menos sete oficiais feridos, dois deles em estado crítico. Dois supostos homens-bomba morreram.
Em Rawalpindi, o local do
atentado -um centro comercial perto de um quartel militar- ficou repleto de cacos de
vidro e restos de carne humana
carbonizada, de pessoas que esperavam na fila do banco para
sacar seus salários.
O chanceler paquistanês,
Shah Mehmood Qureshi, disse
que os ataques "não diminuirão
nossa determinação em erradicar a ameaça [do Taleban]".
Nenhum grupo reivindicou
as ações de ontem, mas, no último mês, ataques atribuídos ao
Taleban deixaram mais de 300
mortos, alguns deles funcionários da ONU. A onda de atentados é vista como uma resposta à
operação militar paquistanesa
iniciada em 17 de outubro no
distrito tribal de Waziristão do
Sul (fronteira com o Afeganistão), contra os insurgentes do
Taleban que controlam grande
parte da região.
Ante o recrudescimento da
violência e em decorrência da
morte de 11 de seus membros
em atentados no último ano, a
ONU anunciou ontem a retirada de seu pessoal -salvo os que
prestam serviços considerados
vitais- de áreas tribais e da
Província da Fronteira Noroeste, além da suspensão de seus
programas de longo prazo.
A decisão deve piorar ainda
mais a situação dos refugiados
-estima-se que 250 mil tenham fugido recentemente das
zonas sob conflito militar- e
dificultar o esforço para melhorar a vida diária dos paquistaneses em áreas de risco.
Um porta-voz da Chancelaria paquistanesa disse que a decisão da ONU era compreensível, mas que esperava que o órgão retomasse seus trabalhos
após a conclusão da atual ofensiva militar.
Essa ofensiva resultou, ontem, na tomada pelo Exército
da cidade de Kaniguram, um
"centro operativo" do Taleban
no Waziristão do Sul. Os militares dizem que 12 supostos terroristas foram mortos na operação.
Recompensa
Enquanto isso, o governo paquistanês publicou anúncios
nas capas dos jornais locais oferecendo recompensa de US$ 5
milhões pela captura ou morte
de Hakimullah Mehsud, líder
do Taleban no Paquistão, e de
outros 15 comandantes do grupo radical islâmico, qualificados como responsáveis "pela
morte diária de muçulmanos
inocentes".
E, no mesmo dia em que Rawalpindi foi alvejada por um
ataque, o comandante das tropas americanas e da Otan
(aliança militar ocidental) no
Afeganistão, general Stanley
McChrystal, reuniu-se na cidade com o líder do Exército paquistanês, general Ashfaq Parvez Kayani. A Embaixada dos
EUA não confirmou se
McChrystal já estava em Rawalpindi na hora do atentado.
A campanha militar nas
áreas tribais paquistanesas é
apoiada pelos EUA, que consideram o combate aos insurgentes no Paquistão crucial para
sua vitória na guerra afegã.
Washington aprovou recentemente US$ 7,5 bilhões em ajuda não militar ao Paquistão.
Na semana passada, a secretária de Estado, Hillary Clinton, visitou o país e prometeu
apoio, mas ao mesmo tempo
disse duvidar de que o governo
paquistanês não saiba onde se
encontram os líderes da Al
Qaeda em seu território. Acredita-se que os insurgentes tenham criado um Estado paralelo dentro do Paquistão, ao qual
o governo faria vista grossa.
Com agências internacionais
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