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Indefinição do Congresso eleva tensão em Honduras
Presidente do Legislativo não confirma data para votação; Zelaya insiste em decisão até 5ª
Líder deposto aposta na chegada da secretária do Trabalho americana como cartada para acelerar voto sobre sua volta ao cargo
FABIANO MAISONNAVE
ENVIADO ESPECIAL A TEGUCIGALPA
A três dias do prazo para a
criação de um "governo de unidade", o governo interino de
Honduras e Manuel Zelaya intensificaram ontem o bate-boca em torno da interpretação
do acordo assinado na sexta-feira para a restituição do presidente deposto.
O presidente do Congresso,
José Alfredo Saavedra, aliado
do presidente interino, Roberto Micheletti, disse que ainda
não há uma data para votação
sobre a volta de Zelaya, como
está previsto no acordo.
"Uma vez que os membros da
mesa diretora tenham conhecimento dos alcances e da dinâmica desse acordo, vamos definir qual rota seguir", disse Saavedra a uma rádio local.
O presidente do Congresso
confirmou que haverá uma primeira reunião da mesa diretora
hoje, como já havia chegado a
anunciar, e afirmou que distribuiria cópias do acordo aos 128
deputados da Casa (o Parlamento é unicameral).
Os aliados de Micheletti no
Congresso também planejam
pedir pareceres à Suprema
Corte de Justiça e a outras instâncias, consultas que, segundo
eles, inviabilizam a votação antes de quinta, data definida no
cronograma do acordo como
prazo para a instalação de um
governo de unidade nacional.
Ontem, Zelaya voltou a dizer
que, se ele não for restituído até
quinta, considerará o acordo
rompido, pois não aceitará indicar membro de um "governo
de unidade" sem que ele esteja
à frente.
O presidente deposto acha
que tem votos suficientes no
Congresso para voltar ao cargo
-espera contar com o apoio de
parte dos liberais, partido ao
qual pertencem Micheletti e
ele, e do Partido Nacional, de
Porfirio Lobo, favorito nas eleições presidenciais deste mês.
O deputado pró-Zelaya Victor Cubas disse que um grupo
não especificado de parlamentares simpatizantes do presidente deposto começará uma
greve de fome hoje, às 14h, caso
a votação não seja marcada.
Isolado há 43 dias na embaixada brasileira, Zelaya está
apostando sua volta na presença da secretária do Trabalho
dos EUA, Hilda Solis, que representará a "comunidade internacional" na Comissão de
Verificação do acordo, ao lado
do ex-presidente chileno Ricardo Lagos (2000-2006).
Na semana passada, foi a chegada de uma comitiva americana que deu fim a meses de impasse para a assinatura do acordo sobre a restituição de Zelaya, deposto em 28 de junho por
militares, acusado de tentar
convocar ilegalmente uma Assembleia Constituinte.
Solis e Lagos, que integrarão
a comitiva da OEA (Organização dos Estados Americanos),
chegam hoje a Tegucigalpa, onde planejam ficar por somente
24 horas.
Para o analista político
Efraín Diaz, o acordo "gera várias interpretações": "Ficou
aberto o tema de quando o
Congresso tem de votar a restituição. Também há dúvidas se a
comunidade internacional
aceitará o acordo caso Zelaya
não volte ao poder".
O ponto cinco do acordo afirma que a volta de Zelaya depende da aprovação do Congresso,
que pode ou não consultar outras instâncias. Já o calendário
coloca quinta-feira como a data
para a "conformação e instalação do governo de unidade".
Barrado
Embora com um contingente
menor, o cerco policial-militar
em torno da Embaixada do
Brasil em Tegucigalpa continua rígido. Ontem, não foi permitido o acesso de Jorge Arturo
Reina, nomeado por Zelaya como seu representante na Comissão de Verificação -do lado
de Micheletti, foi indicado Arturo Corrales, seu delegado na
mesa de negociações.
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