São Paulo, quarta-feira, 03 de novembro de 2010

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Risco de execução de Sakineh detona novo protesto mundial

ONG que monitora caso dá alerta para apedrejamento iminente

GABRIELA MANZINI
DE SÃO PAULO

O alarme dado por uma ONG sediada na Alemanha sobre a aparente iminência da execução da iraniana Sakineh Ashtiani, que aguarda desde 2006 pena de morte por apedrejamento pelo crime de adultério, provocou reações na Europa e nos Estados Unidos, ontem.
Na segunda-feira, o Comitê Internacional contra Apedrejamento (Icas, na sua sigla em inglês) informou que as "autoridades de Teerã" tinham dado sinal verde às equipes da prisão da cidade de Tabriz para consumar a execução hoje. Ela seria não por apedrejamento, mas enforcamento -mais comum.
O Icas é presidido pela iraniana Mina Ahadi, que mora em exílio em Colônia (Alemanha) e integra o banido Partido Comunista do Irã. A ONG atua como porta-voz de Sakineh, seus filhos e até advogados desde junho, quando um abaixo-assinado virtual ficou popular e elevou o caso à agenda global.
Em Paris, grupos ligados ao filósofo Bernard-Henri Lévi reuniram cerca de 30 manifestantes num ato improvisado. O secretário de Assuntos Europeus da França, Pierre Lellouche, contou pressionar Teerã a revisar a pena, que considera "uma autêntica barbárie de outra época".
Na Espanha, o vice-premiê Alfredo Pérez Rubalcaba afirmou que fará "o que estiver ao seu alcance para evitar um crime dessa natureza".
Na Bélgica, a chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, pediu que o Irã impeça a execução de Sakineh e classificou o apedrejamento de "equivalente a uma tortura inaceitável".
Em Londres, o ministro das Relações Exteriores Alistair Burt ligou para o encarregado Safar Ali Eslamian Koupaei e cobrou notícias, mas o diplomata iraniano não confirmou a iminente execução.
Em nota, a Casa Branca condenou ontem os "aparentes planos de levar a cabo a execução e chamou de "inaceitáveis" a "falta de transparência" no processo judicial e "as ações contra seu advogado e família".
Não existem fontes de informação independentes sobre o caso, e a situação está ainda mais difícil desde 10 de outubro, quando o advogado da iraniana, Houtan Kian, e o filho dela, Sajjad, foram detidos ao lado de dois jornalistas alemães a quem concediam entrevistas, em Tabriz.
O último defensor de Sakineh, Mohammad Mostafaei, escapou do Irã no fim de julho depois de ter a mulher e sogro presos.
O Icas não revela a origem de suas informações por motivos de segurança e diz que os defensores de Kian e Sajjad temem represálias e não querem ser identificados.
Outras ONGs de defesa dos direitos humanos que monitoram o caso de Sakineh dizem não ter recebido dados novos, mas não descartaram a ordem de execução.


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