São Paulo, quinta-feira, 03 de novembro de 2011

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Tribunal autoriza extradição de Assange

Justiça britânica recusa recurso do fundador do WikiLeaks, que pode ser enviado à Suécia até o fim de novembro

Acusado de estupro e abuso sexual no país escandinavo, ele pode tentar apelar à Suprema Corte do Reino Unido

GABRIELA MANZINI

EM LONDRES

O fundador do site WikiLeaks, Julian Assange, teve um recurso negado ontem na Justiça britânica e ficou mais próximo de ser extraditado para a Suécia, onde enfrenta uma investigação por crimes sexuais.
Dois magistrados do Tribunal Superior britânico avalizaram a conduta da Procuradoria sueca e o mandado de prisão expedido contra Assange e rejeitaram os argumentos da defesa de que as acusações são imprecisas e a conduta dele não configuraria crime no Reino Unido.
Na saída da audiência, Assange afirmou aos jornalistas e ativistas que o aguardavam que a decisão foi "meramente técnica" e repetiu que não foi indiciado "por nenhum crime em nenhum país".
Duas ex-colaboradoras do WikiLeaks acusam Assange de abusar sexualmente delas e estuprá-las durante uma visita a Estocolmo, em 2010.
Devido às acusações, Assange foi preso e, desde dezembro do ano passado, vive em liberdade condicional no sul da Inglaterra.
Uma advogada das duas mulheres presente à audiência de ontem, Claes Borgstrom, disse que elas estavam "aliviadas" com a decisão e criticou o Tribunal Superior pela lentidão -o caso estava parado desde julho.
O ativista australiano nega a violência e diz que as relações foram consensuais.
Os advogados de Assange têm duas semanas para decidir se levarão o caso à Suprema Corte britânica. Para tanto, eles terão de convencer o Tribunal Superior de que existe um tema de interesse público envolvido no processo.
Se conseguirem, Assange poderá permanecer em liberdade enquanto aguarda a nova sentença, o que só deverá acontecer no ano que vem. Se não, será entregue às autoridades suecas em um prazo de dez dias -até o fim do mês.
Outro problema da defesa é financiamento. Assange já desistiu de processar os autores de uma biografia não autorizada por falta de dinheiro. No mês passado, anunciou que o próprio WikiLeaks estava no vermelho.
Para Assange, as acusações têm motivação política. Nos últimos anos, o WikiLeaks foi responsável pelo vazamento na internet de uma série de documentos secretos do governo americano.
O Departamento da Justiça dos EUA estuda acusá-lo formalmente e poderá pedir sua extradição à Suécia, já que os dois países mantêm acordos no setor.


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