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O GOVERNO
"Comércio é de uma segunda normal"
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
Os chavistas afirmam que a paralisação de ontem fracassou e
não conseguiu afetar as principais
atividades do país. "Há atividade
comercial normal, como em qualquer segunda-feira", disse à Folha, por telefone, o deputado William Lara, presidente da Assembléia Nacional e membro do Movimento Quinta República
(MVR), partido do presidente
Hugo Chávez.
Folha - Como o sr. avalia a paralisação?
William Lara - Ela não afetou significativamente o funcionamento
das atividades cotidianas da população venezuelana. No caso de
Caracas, percorri desde as 6h os
locais mais críticos, como os terminais de ônibus e as principais
avenidas da cidade, e posso assegurar que a paralisação não foi
sentida. Aqui perto da Assembléia Nacional, as atividades são
normais. As lojas estão abertas, os
restaurantes estão funcionando,
os camelôs estão trabalhando.
Folha - E que análise o sr. faz da
greve do ponto de vista político?
Lara - A oposição quer pressionar o Executivo para que ceda
diante de seu desejo de fazer um
referendo, que é inconstitucional.
É uma tentativa de passar, por
meio de contrabando, um referendo revogatório disfarçado de
referendo consultivo.
Folha - Que medidas o governo
tomará se a greve for prorrogada?
Lara - O governo manterá a ordem pública com ações legais,
com a atuação da Guarda Nacional e de outros corpos policiais.
Sabe-se que a oposição quer radicalizar a paralisação para provocar fatos de violência, como recurso de desespero. Mas a paralisação vai se enfraquecendo. Garanto que, nesta noite [ontem], já
haverá atividade completamente
normal em todo o país.
Folha - Como é possível resolver a
divisão existente hoje na sociedade venezuelana?
Lara - Esse é um conflito prolongado, de baixa intensidade, que
deve seguir sendo administrado
de maneira democrática, com soluções progressivas a favor das
maiorias nacionais historicamente excluídas. Estamos conscientes
de que não há possibilidade de
uma solução final instantânea ou
fulminante. Seguiremos em uma
situação de tensão política, que
vamos resolver com muita paciência e perseverança, com paz e
democracia.
Esse é um conflito que não foi
originado agora, com o presidente Hugo Chávez. É um conflito
que vimos arrastando historicamente desde a independência do
país. Não é uma questão que se resolve em poucos meses.
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