São Paulo, terça-feira, 03 de dezembro de 2002

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O GOVERNO

"Comércio é de uma segunda normal"

ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO

Os chavistas afirmam que a paralisação de ontem fracassou e não conseguiu afetar as principais atividades do país. "Há atividade comercial normal, como em qualquer segunda-feira", disse à Folha, por telefone, o deputado William Lara, presidente da Assembléia Nacional e membro do Movimento Quinta República (MVR), partido do presidente Hugo Chávez.

Folha - Como o sr. avalia a paralisação?
William Lara -
Ela não afetou significativamente o funcionamento das atividades cotidianas da população venezuelana. No caso de Caracas, percorri desde as 6h os locais mais críticos, como os terminais de ônibus e as principais avenidas da cidade, e posso assegurar que a paralisação não foi sentida. Aqui perto da Assembléia Nacional, as atividades são normais. As lojas estão abertas, os restaurantes estão funcionando, os camelôs estão trabalhando.

Folha - E que análise o sr. faz da greve do ponto de vista político?
Lara -
A oposição quer pressionar o Executivo para que ceda diante de seu desejo de fazer um referendo, que é inconstitucional. É uma tentativa de passar, por meio de contrabando, um referendo revogatório disfarçado de referendo consultivo.

Folha - Que medidas o governo tomará se a greve for prorrogada?
Lara -
O governo manterá a ordem pública com ações legais, com a atuação da Guarda Nacional e de outros corpos policiais. Sabe-se que a oposição quer radicalizar a paralisação para provocar fatos de violência, como recurso de desespero. Mas a paralisação vai se enfraquecendo. Garanto que, nesta noite [ontem], já haverá atividade completamente normal em todo o país.

Folha - Como é possível resolver a divisão existente hoje na sociedade venezuelana?
Lara -
Esse é um conflito prolongado, de baixa intensidade, que deve seguir sendo administrado de maneira democrática, com soluções progressivas a favor das maiorias nacionais historicamente excluídas. Estamos conscientes de que não há possibilidade de uma solução final instantânea ou fulminante. Seguiremos em uma situação de tensão política, que vamos resolver com muita paciência e perseverança, com paz e democracia.
Esse é um conflito que não foi originado agora, com o presidente Hugo Chávez. É um conflito que vimos arrastando historicamente desde a independência do país. Não é uma questão que se resolve em poucos meses.


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