DA REDAÇÃO

Dois vôos supostamente operados pela CIA fizeram escalas na França em 2002 e 2005, segundo reportagem publicada ontem pelo diário francês "Le Figaro".
Um porta-voz da Chancelaria francesa disse que o governo está apurando com autoridades da aviação civil se os vôos, já mencionados pelos jornais "The New York Times" e "Guardian", realmente ocorreram.
"É perfeitamente possível que tenha havido vôos", disse o porta-voz Jean-Baptiste Mattei.
"A cada dia centenas de aviões saem da França. Quanto às conclusões que podem ser tiradas, é outra coisa."
O porta-voz do Ministério da Defesa, Jean-François Bureau, disse, porém, que não havia evidências desses vôos. "Pelo meu conhecimento, não temos fatos que corroborem isso."
De acordo com "Le Figaro", o primeiro vôo identificado ocorreu em 31 de março de 2002. O avião privado da Learjet fez escala na cidade de Brest, no noroeste do país, em sua rota da Islândia para a Turquia, com outra escala prevista em Roma, disse o jornal.
O segundo vôo fez escala no aeroporto de Le Bourget, perto de Paris, em 20 de julho deste ano, vindo da Noruega, disse o jornal, citando como fonte o diário norueguês "Ny Tid". O mesmo avião, um jato Gulfstream, havia aterrissado seis vezes na base americana de Guantánamo, em Cuba, acrescentou.
Diversos governos europeus estão investigando se vôos secretos da CIA foram usados após o 11 de Setembro para levar supostos terroristas para serem interrogados em outros países.
O "Figaro" disse que é possível que os vôos tenham passado pela França sem terem sido detectados pelas autoridades porque vôos privados de fora da zona da Europa livre de passaporte podem transitar livremente desde que apresentem um plano de vôo.
Ontem, o ministro dos Transportes da Turquia, Binali Yildirim, afirmou que um avião que, segundo a mídia local, foi usado pela CIA aterrissou duas vezes em Istambul, em 30 de outubro e 15 de novembro. Mas, disse o ministro, "não podemos saber se era um avião da CIA ou não".
Segundo Yildirim, o avião que pousou era registrado nos EUA e de propriedade da empresa Pegasus Technologies Inc. Os dois vôos saíram do Azerbaijão e se dirigiram para a Holanda.