São Paulo, sábado, 03 de dezembro de 2005

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EGITO

Violência mina a Irmandade Muçulmana

DA REDAÇÃO

O principal grupo de oposição ao governo do ditador Hosni Mubarak, a Irmandade Muçulmana, não obteve nenhuma cadeira no Parlamento egípcio na votação de quinta-feira, a fase mais violenta das eleições do país.
Ontem foi divulgado o resultado desse que foi o primeiro turno da terceira fase das eleições para o Legislativo. O Partido Nacional Democrático (PND), de Mubarak, garantiu pelo menos 297 cadeiras no órgão. Se chegar a 303 dos 454 assentos do Parlamento, o PND terá os dois terços necessários para legislar sem precisar negociar com a oposição.
A soma inclui oito legisladores eleitos anteontem em primeiro turno e 73 vagas que serão decididas em distritos onde os dois candidatos que foram ao segundo turno são do PND.
Na próxima quarta-feira, a Irmandade Muçulmana terá 35 candidatos no segundo turno que encerra as eleições. O grupo reclama que poderia ter obtido mais 13 ou 14 candidatos, não fosse a ação da polícia. O governo é acusado de mandar a polícia impedir que eleitores da oposição chegassem aos locais de votação. Um homem morreu, atingido por um tiro.
A imprensa local disse que policiais chegaram a exigir de eleitores que passavam pelos bloqueios a promessa de votar no PND.
A eleição é considerada um teste à abertura de Mubarak a reformas democráticas. O governo havia, a princípio, dado liberdade à campanha eleitoral, mas os resultados das duas primeiras fases foram considerados uma surpresa mesmo pela oposição: a Irmandade Muçulmana já obteve 76 vagas no Parlamento, enquanto teve 15 cadeiras na legislatura que ora se encerra.
"Eles não querem que ultrapassemos 20% dos assentos para reter sua maioria confortável", disse Khairat al Shater, vice-líder da irmandade. Al Shater acusou o governo de mandar prender 500 partidários de seu grupo que se dirigiam a locais de votação.
O comparecimento às urnas foi de 18%, segundo observadores de organizações independentes, que atribuem aos casos de violência entre polícia, eleitores do governo e oposição o comparecimento baixo. No Egito, o voto não é obrigatório.
Os confrontos envolveram ataques de grupos armados com facas e porretes. O governo acusou anteontem partidários da Irmandade Muçulmana de atacar juízes eleitorais e incitar à violência.
Segundo a polícia, 170 pessoas ficaram feridas anteontem. Num dos tumultos, quando pessoas enfrentavam a polícia, tentando forçar a passagem para uma seção eleitoral, os guardas abriram fogo, matando um homem.
Um grupo de juízes ameaçou boicotar a observação da próxima votação em protesto contra a ação da polícia. Os juízes designados pelo governo para acompanhar a eleição têm autoridade somente dentro das áreas de votação. Ahmed Mekki, membro do Clube dos Juízes, disse que seu grupo fará reunião amanhã para decidir se haverá o boicote.


Com agências internacionais

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