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EGITO
Violência mina a Irmandade Muçulmana
DA REDAÇÃO
O principal grupo de oposição
ao governo do ditador Hosni Mubarak, a Irmandade Muçulmana,
não obteve nenhuma cadeira no
Parlamento egípcio na votação de
quinta-feira, a fase mais violenta
das eleições do país.
Ontem foi divulgado o resultado desse que foi o primeiro turno
da terceira fase das eleições para o
Legislativo. O Partido Nacional
Democrático (PND), de Mubarak, garantiu pelo menos 297 cadeiras no órgão. Se chegar a 303
dos 454 assentos do Parlamento,
o PND terá os dois terços necessários para legislar sem precisar negociar com a oposição.
A soma inclui oito legisladores
eleitos anteontem em primeiro
turno e 73 vagas que serão decididas em distritos onde os dois candidatos que foram ao segundo
turno são do PND.
Na próxima quarta-feira, a Irmandade Muçulmana terá 35
candidatos no segundo turno que
encerra as eleições. O grupo reclama que poderia ter obtido mais 13
ou 14 candidatos, não fosse a ação
da polícia. O governo é acusado
de mandar a polícia impedir que
eleitores da oposição chegassem
aos locais de votação. Um homem
morreu, atingido por um tiro.
A imprensa local disse que policiais chegaram a exigir de eleitores que passavam pelos bloqueios
a promessa de votar no PND.
A eleição é considerada um teste à abertura de Mubarak a reformas democráticas. O governo havia, a princípio, dado liberdade à
campanha eleitoral, mas os resultados das duas primeiras fases foram considerados uma surpresa
mesmo pela oposição: a Irmandade Muçulmana já obteve 76 vagas
no Parlamento, enquanto teve 15
cadeiras na legislatura que ora se
encerra.
"Eles não querem que ultrapassemos 20% dos assentos para reter sua maioria confortável", disse
Khairat al Shater, vice-líder da irmandade. Al Shater acusou o governo de mandar prender 500
partidários de seu grupo que se
dirigiam a locais de votação.
O comparecimento às urnas foi
de 18%, segundo observadores de
organizações independentes, que
atribuem aos casos de violência
entre polícia, eleitores do governo
e oposição o comparecimento
baixo. No Egito, o voto não é obrigatório.
Os confrontos envolveram ataques de grupos armados com facas e porretes. O governo acusou
anteontem partidários da Irmandade Muçulmana de atacar juízes
eleitorais e incitar à violência.
Segundo a polícia, 170 pessoas
ficaram feridas anteontem. Num
dos tumultos, quando pessoas enfrentavam a polícia, tentando forçar a passagem para uma seção
eleitoral, os guardas abriram fogo,
matando um homem.
Um grupo de juízes ameaçou
boicotar a observação da próxima
votação em protesto contra a ação
da polícia. Os juízes designados
pelo governo para acompanhar a
eleição têm autoridade somente
dentro das áreas de votação. Ahmed Mekki, membro do Clube
dos Juízes, disse que seu grupo fará reunião amanhã para decidir se
haverá o boicote.
Com agências internacionais
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