DA REDAÇÃO

O boicote às eleições parlamentares de amanhã chegou ao principal reduto da oposição, o populoso e rico Estado de Zulia, no oeste da Venezuela. A decisão foi anunciada pelo governador Manuel Rosales (UNT, União Nacional dos Trabalhadores) após mais uma negativa do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de adiar o pleito, como exige a oposição.
A decisão é uma vitória dos líderes oposicionistas que convocaram o boicote. As pesquisas davam uma ligeira vantagem aos oposicionistas em Zulia, em contraste com o restante do país, e por isso os candidatos locais resistiam em aderir ao boicote.
Zulia concentra quase toda a indústria petroleira venezuelana e é um dos dois Estados controlados pela oposição de um total de 24 (incluindo a zona metropolitana de Caracas).
Apesar do movimento crescente da oposição, o CNE informou ontem à tarde que, dos 5.516 candidatos inscritos, apenas 5% teriam renunciado -ou seja, 322 pessoas, segundo a agência estatal ABN. O prazo para a retirada das candidaturas era até as 12 horas locais de ontem.
O CNE, sempre de acordo com a ABN, disse também ter um plano emergencial caso haja falta de mesários e ameaçou com multas quem não comparecer ao trabalho amanhã. Já foi distribuído 91% do material eleitoral e foram instaladas 67% das mesas de votação, assegurou o órgão eleitoral.
O governador Rosales havia proposto na quinta-feira o adiamento das eleições e a criação de uma comissão de alto nível que buscasse soluções para a crise política. Minutos depois, o presidente do CNE, Jorge Rodríguez, tido como chavista, disse que preferia "que lhe cortassem o braço" a adiar as eleições.
Logo em seguida, Rosales e o seu partido decidiram aderir ao boicote. O seu partido, de abrangência regional e fundado por dissidentes da Ação Democrática (AD), ocupa hoje 4 das 165 cadeiras da Assembléia Nacional, mas tinha chance de ganhar mais três ou quatro vagas neste domingo, segundo sondagens.
A oposição alega que as regras do CNE para a eleição favorecem os chavistas. Já o governo acusa os oposicionistas de quererem desestabilizar o presidente Hugo Chávez orientados pelos EUA.

Apreensão
Também em Zulia, 11 pessoas foram detidas com 62 coquetéis molotov, informou ontem a rádio Unión, citando fontes militares. Cerca de cem pneus que seriam queimados nas ruas amanhã teriam sido apreendidos.