São Paulo, quarta-feira, 03 de dezembro de 2008

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Governadores pedem US$ 176 bilhões a Obama

DE NOVA YORK

Em reunião convocada pelo presidente eleito dos EUA, Barack Obama, governadores americanos pressionaram ontem por um pacote governamental de ajuda no total de US$ 176 bilhões para lidar com déficits orçamentários, desemprego crescente e a explosão da demanda por serviços locais.
O valor consumiria aproximadamente um terço do pacote de estímulo econômico que o Congresso de maioria democrata pretende aprovar no início do ano que vem, após a posse de Obama, cuja cifra gira em torno de US$ 500 bilhões.
A situação dos Estados é crítica. Segundo o grupo apartidário Centro de Orçamento e Prioridades Políticas, 41 deles fecharão as contas no vermelho em 2008 ou em 2009, e mais da metade já começou a cortar gastos, subir impostos ou usar suas reservas. Os governadores, porém, negaram que o plano se trate de um "resgate" como o oferecido a instituições financeiras sob a crise econômica.
"Investir na infra-estrutura do país, em fontes renováveis de energia -isso não é resgate", afirmou o governador da Pensilvânia, o democrata Ed Rendell. "São ações que realmente criam empregos, diferentemente dos resgates que estamos vendo em Wall Street."
O pedido dos governadores prevê US$ 136 bilhões para projetos de infra-estrutura, como construção de estradas e pontes ou expansão da oferta de água encanada e rede de esgoto -algo que Obama havia previsto em seu plano de governo como forma de gerar empregos. Outros US$ 40 bilhões financiariam gastos estaduais nos programas do Medicaid, o seguro-saúde público para famílias de baixa renda.
Não é a primeira vez que os governadores solicitam ajuda para pagar as contas do Medicaid ou do Medicare ( voltado a idosos), que têm custos em expansão. Até agora, porém, o Congresso barrou esses apelos.
Os governadores estimam que, para cada US$ 1 bilhão recebido do governo federal, 40 mil novos empregos podem ser criados. A taxa de desemprego nos EUA está em 6,5%, já tendo custado 1,2 milhão de postos de trabalho neste ano. O Escritório Nacional de Pesquisa Econômica anunciou oficialmente anteontem que o país está em recessão desde há um ano.
A princípio, Obama pareceu disposto a colaborar. Ele disse esperar que os governadores o ajudem a elaborar um plano econômico para a crise, em vez de apenas ajudar a implementá-lo. "Se ouvirmos os governadores, o dinheiro distribuído será bem bem gasto", disse o presidente eleito. O democrata prometeu ainda tratar os governadores de forma independente das linhas partidárias.
Nem todos os 49 governadores presentes, porém, apoiaram o pedido. Republicanos como Arnold Schwarzenegger, da Califórnia, afirmaram que antes de receber ajuda os Estados têm de equilibrar suas contas, inclusive elevando impostos.
Mark Sanford, da Carolina do Sul, e Rick Perry, do Texas, exortaram em artigo no "Wall Street Journal" "governadores de ambos os partidos a se unirem na oposição a mais uma intervenção de resgate federal".
"O governo federal não está apenas enterrando as gerações futuras sob montanhas de dívidas. Também está levando o país a uma direção perigosa, de uma "mentalidade de resgate", na qual nos voltamos para o governo em vez de buscarmos as soluções sozinhos." (AM)


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