São Paulo, sexta-feira, 03 de dezembro de 2010

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Brasil é o líder do ranking regional do otimismo, diz ONG

Por outro lado, pesquisa anual do Latinobarómetro mostra que cresceu preocupação com criminalidade

Para quase um quinto dos entrevistados, Brasil é o país mais influente da América Latina, à frente dos EUA

ANDREA MURTA

DE WASHINGTON

O Brasil é hoje o país mais otimista da América Latina, com quase 70% de cidadãos dizendo que sim, estamos fazendo progresso, segundo a última pesquisa da ONG chilena Latinobarómetro.
O estudo da organização traz também más notícias -o medo da criminalidade cresceu e é a principal preocupação dos latinos em 2010, à frente do desemprego.
A publicação oficial da pesquisa está marcada para hoje, mas a revista "The Economist" divulgou ontem com exclusividade uma prévia de alguns do principais resultados (a maior parte com números aproximados).
Apesar de a liderança no ranking do otimismo não ser inédita, esta foi a primeira vez em que todos os indicadores de progresso pesquisados no Brasil foram positivos, disse à Folha a diretora do estudo, Marta Lagos.
"Economia, política, sensação de progresso, percepção de igualdade. Tudo melhorou", afirmou ela.
A exemplo do ano passado, o Brasil também é considerado bem mais influente do que os EUA na região: aparece como o mais proeminente para cerca de 19% dos entrevistados.
Americanos e venezuelanos são os mais influentes para 9%.

OUTROS TEMAS
Em relação ao crime, 2010 é apenas a segunda vez em que esse ponto aparece à frente do desemprego como a principal preocupação desde o início das pesquisas anuais, em 1995.
A primeira vez foi em 2008, e a diferença entre os dois temas aumentou bastante de lá para cá.
No período, o continente testemunhou a explosão da barbárie em países como México, por conta da guerra entre autoridades e narcotraficantes, e Venezuela.
O estudo foi feito em setembro e outubro, com base em 20 mil entrevistas, em 18 países, com margem de erro de três pontos percentuais.
Antes, portanto, da operação policial em favelas com apoio das Forças Armadas no Rio de Janeiro, após ataques e incêndios em veículos que assustaram o país desde o fim do mês passado.
Aproximadamente 26% dos latinos elencam crime como a principal preocupação, contra cerca de 19% que apontam o desemprego. Em 2008, os números ficavam em torno de 17% e 15%, respectivamente.
De acordo com Lagos, dois fatores contribuem para o avanço desse medo. Um é que com o crescimento econômico, o medo do desemprego cai e as pessoas atentam para outros temas.
Mas o principal é que aumentou a percepção de criminalidade na região, mais do que a violência em si.
Cerca de 31% do ouvidos disseram ter sido vítimas ou que familiares foram vítimas de crime no último ano -a cifra mais baixa desde o início da pesquisa.
O apoio à democracia seguiu estável no continente, com cerca de 62% dos cidadãos preferindo esse sistema.
No entanto, apenas cerca de metade dos entrevistados no Brasil (54%) e no México (49%) são democratas convictos, o que faz cair a média regional para menos de 60% quando o peso populacional destes países é levado em consideração.


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