São Paulo, sábado, 04 de janeiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Presidente diz a soldados que "horas cruciais podem estar se aproximando'; EUA mandam mais tropas ao golfo

"Estamos prontos para a guerra", diz Bush

DA REDAÇÃO

O presidente George W. Bush visitou ontem uma das maiores bases militares do país, situada em Fort Hood (Texas), e disse aos cerca de 4.000 soldados presentes que os Estados Unidos estão prontos para uma guerra contra o Iraque: "Estamos prontos, estamos preparados".
"Vocês estarão lutando não para conquistar, mas para libertar pessoas", disse Bush, que vestia um casaco militar verde. Ele alertou que "horas cruciais podem estar se aproximando".
No mesmo dia, o governo americano confirmou o envio de mais soldados ao golfo Pérsico.
Apesar do tom belicosa, o presidente reafirmou que ainda não se decidiu sobre um eventual ataque ao ditador iraquiano, Saddam Hussein. Oficialmente, o governo americano tem dito que, se o Iraque aceitar se desarmar voluntariamente e a ONU comprovar que o país não possui mais armas de destruição em massa (químicas, biológicas ou nucleares), a guerra não será necessária.
"Ele tem uma escolha a fazer. Nós certamente preferimos que o Iraque ceda voluntariamente. Vocês sabem, o uso da força militar é a última opção desta nação", disse. Os soldados acompanharam o discurso em silêncio, mas reagiram com gritos quando Bush disse ter confiança de poder contar com eles no caso de uma guerra contra o Iraque.
O presidente afirmou que as Forças Armadas americanas já estão engajadas "na primeira guerra do século 21", contra o terrorismo. "Os terroristas já mostraram o que desejam para nós. E nós não esqueceremos", afirmou.
"Nós conhecemos os desafios e os perigos que enfrentamos. Mas essa geração de americanos está pronta. Nós aceitamos o peso da liderança. Nós agimos pela causa da paz e da liberdade e por essa causa venceremos", afirmou.
A base militar de Fort Hood, localizada a cerca de 90 minutos do rancho de Bush, em Crawford (Texas), reúne cerca de 41 mil soldados. Cerca de 25 mil soldados da base participaram da Guerra do Golfo (1991).

Mais tropas para o golfo
O porta-voz de uma base de marines na Califórnia (Costa Oeste) confirmou ontem que parte do efetivo de 45 mil homens recebeu ordens de embarcar para o golfo Pérsico. Ele não deu detalhes sobre a mobilização.
Anteontem, os EUA já haviam anunciado o deslocamento de 11 mil soldados de uma base na Geórgia (Costa Leste).
Cerca de 60 mil militares americanos já se encontram na região do golfo. Embora o total de forças à disposição para um eventual ataque seja inferior aos 250 mil soldados americanos enviados à região durante a Guerra do Golfo, os efetivos podem crescer rapidamente nas próximas semanas.

Reação iraquiana
Ontem, o jornal oficial iraquiano "Al Iraq" fez comentários sobre as repetidas declarações de Bush de que ainda não se decidiu sobre um ataque ao Iraque.
De acordo com o jornal, é difícil crer que Bush, "de repente, tenha ficado racional e despertado de suas ilusões." "Será que ele refletiu sobre as consequências de sua agressão e de seus efeitos destrutivos?", perguntou o jornal.
Segundo o jornal "Al Thawra", do partido de Saddam, o maior desapontamento dos EUA surge do fato de que o Iraque está colaborando com a equipe de inspetores de armas da ONU, o que frustraria suas intenções bélicas.
"Esse governo do mal esperava que o contrário fosse acontecer. Estava esperando por um problema, qualquer problema, para usá-lo como pretexto para acusar o Iraque de atrapalhar o trabalho dos inspetores", disse.


Com agências internacionais


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