DA REDAÇÃO

Após uma operação conjunta com a Colômbia, a polícia equatoriana anunciou ontem a prisão de um dos sete membros da cúpula das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). Segundo a agência Associated Press, é a primeira vez que um integrante do alto comando da guerrilha terrorista de esquerda é preso em 40 anos de insurgência contra o Estado colombiano.
A prisão de Simon Trinidad, cujo verdadeiro nome é Ricardo Ovidio Palmera Pineda, foi também considerada a mais importante vitória do governo Álvaro Uribe contra a guerrilha. Em agosto de 2002, ele assumiu o país prometendo um combate sem trégua aos grupos armados.
Trinidad, 53, foi preso na madrugada de ontem em uma clínica médica próxima da fronteira do Equador com a Colômbia, informou um funcionário da polícia secreta colombiana à agência Associated Press.
Trinidad, que comanda a frente Caribe das Farc (norte do país), estaria muito doente, mas não foram divulgadas informações sobre seu estado de saúde. Ele estaria há dois meses no Equador.
Segundo o jornal "El Espectador", a prisão foi realizada graças a informações repassadas a agentes da Interpol no Equador pela polícia secreta colombiana. Havia uma ordem de captura internacional contra Trinidad.
De acordo com a agência de notícias Reuters, Trinidad foi colocado em um helicóptero e levado até a fronteira equatoriana para ser entregue às autoridades da Colômbia. Ao embarcar, algemado, no helicóptero, Trinidad teria gritado: "Vida longa às Farc!".

Gerente de banco
A prisão de Trinidad foi feita após o comandante do Exército colombiano, general Martin Orlando Carreno, ter prometido no Ano Novo capturar ao menos um dos sete membros do secretariado neste ano. Caso não conseguisse, ele disse que pediria demissão.
Ex-gerente de banco e membro de uma família tradicional da Colômbia, Trinidad foi um dos cinco porta-vozes das Farc durante as frustradas negociações de paz promovidas pelo governo Andrés Pastrana (1998-2002).
Sua participação fez com que ele ficasse conhecido em todo o país, já que constantemente aparecia nos meios de comunicação. Na época, foi considerado um "moderado" dentro do alto comando.
Recentemente, as Farc anunciaram que outro membro do secretariado, Efrain Guzman, havia morrido de causas naturais aos 68 anos. Ele já foi substituído.
O principal comandante das Farc é o septuagenário líder Manuel "Tirofijo" Marulanda, que continua em liberdade.
Neste ano, a Colômbia completa 40 anos de guerra civil, que envolve, além das Farc, a guerrilha terrorista aliada ELA (Exército de Libertação Nacional), terroristas paramilitares de extrema direita liderados pela AUC (Autodefesas Unidas da Colômbia) e forças públicas, sobretudo o Exército.
Os grupos ilegais recebem financiamento do narcotráfico. Cerca de 3.000 pessoas morrem em combate por ano no país.
Apenas as Farc mantêm um contingente de 17 mil guerrilheiros armados em todo o país.