São Paulo, quinta-feira, 04 de janeiro de 2007

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Congresso democrata quer criar impacto

Mas Bush sinaliza que nova maioria não poderá aumentar impostos; presidente promete cortar déficit fiscal até 2012

Entre projetos há o aumento do mínimo e patrocínio de pesquisa de célula-tronco; democratas não aceitam no Iraque contingente maior


DA REDAÇÃO

O Congresso americano inicia hoje uma nova legislatura, em que a maioria democrata na Câmara e no Senado pretende aprovar ao menos seis medidas de alto impacto -como o aumento do salário mínimo e a autorização para o financiamento de pesquisas com células-tronco embrionárias.
Os democratas, com 233 cadeiras na Câmara, contra 202 dos republicanos, têm no Senado uma maioria bem mais apertada: 51 a 49. Mas um de seus senadores, Tim Johnson, está hospitalizado depois de uma hemorragia cerebral. A estreitíssima margem de 50 a 49 exigirá negociações e compromissos com a bancada minoritária.
Segundo o "New York Times", o presidente George W. Bush não se oporia à majoração nos próximos dois anos do salário mínimo, que passaria de US$ 5,15 para US$ 7,25 por hora. Mas ele com certeza vetaria o projeto de de células-tronco, como já o fez na legislatura passada, por ser ponto de honra do bloco cristão conservador.
Entre os projetos da plataforma democrata estão também a obrigatoriedade de as companhias petrolíferas pagarem certos royalties, a queda de juros nos empréstimos para que estudantes paguem seus estudos universitários -as universidades americanas, mesmo se públicas, não são gratuitas- e reforma no sistema de saúde que permitiria ao governo negociar remédios mais baratos de laboratórios privados.
Há ainda a adoção das recomendações da Comissão do 11 de Setembro, que supõem o maior respeito aos direitos civis, apesar da chamada "guerra ao terrorismo".
O presidente Bush procurou ontem tomar iniciativas que evitem seu enfraquecimento político e o transformem em mero refém do Congresso.
Em artigo publicado pelo "Wall Street Journal", disse em termos elípticos que se oporia ao aumento dos gastos públicos e o paralelo aumento de impostos, parte integrante do receituário democrata.
Em reunião pela manhã com assessores, disse que pretendia ser útil na aplicação de políticas que "gastem com parcimônia o dinheiro dos impostos".
Anunciou que em fevereiro submeterá ao Congresso um plano orçamentário de cinco anos, destinado a eliminar o déficit público até 2012, sem aumentar a carga tributária.
Economistas ouvidos pelo jornal "Financial Times" disseram que o objetivo de Bush é inviável, a não ser que ocorra um aumento de impostos.
O jornal cita projeção para 2012 de um déficit de US$ 284 bilhões, caso a redução de impostos adotada por Bush se torne permanente.
Bush também se referiu ao Iraque, questão em que os democratas têm posições confusas. Lideranças democratas se opõem à proposta de Bush de aumentar o contingente americano naquele país.
Tanto em suas declarações quanto no artigo ao jornal econômico, Bush mostrou-se conciliador com a maioria democrata e disse ter saído bem-impressionado dos contatos com suas atuais lideranças.
Mas não são só as resistências da Casa Branca que podem atrapalhar o mutirão legislativo que está para ser comandado por Nancy Pelosi, a primeira mulher a ser tornar presidente da Câmara americana.
O jornal "Le Monde" diz que o gargalo democrata está no Senado. A atual e precária maioria só estará segura de aprovar seus textos se obtiver o apoio de uma dezena de senadores republicanos, o que exigiria concessões e compromissos.
O regimento interno do Senado também permitiria à minoria bloquear as tramitações.


Com agências internacionais

Leia a íntegra do artigo de Bush


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