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ESCÂNDALO
Relatório revela que executivos da companhia usaram fraude para faturar milhões de dólares à custa dos acionistas
Enron inflou lucros de 2001 em US$ 1 bi
DA REDAÇÃO
Executivos da empresa de energia norte-americana Enron ganharam milhões de dólares que
"jamais deveriam ter recebido",
de acordo com um relatório preparado a pedido do conselho da
empresa. Apenas no ano passado,
os diretores teriam inflado os lucros da companhia energética
norte-americana em US$ 1 bilhão.
O relatório, de 217 páginas, foi
divulgado no sábado à noite, em
Nova York. O conselho de acionistas da corporação nomeou um
comitê com o objetivo de esclarecer por que a Enron, até pouco
tempo uma das maiores e mais
admiradas companhias dos EUA,
quebrou tão rapidamente.
As práticas irregulares ocorriam
em vários níveis. Os diretores foram acusados de enriquecer à
custa dos acionistas, ao elaborar
um intricado esquema que envolvia várias parcerias e lhes garantia
milhões em comissões. São criticados ainda o departamento jurídico e a Arthur Andersen, auditora da contabilidade da Enron.
Acusados de fraudar balanços,
diretores da Enron respondem a
vários inquéritos no Congresso,
na Justiça civil e criminal e nos órgãos de fiscalização do mercado
de ações e do setor energético.
Acionistas e funcionários também brigam nos tribunais para
recuperar o que perderam.
Dinheiro fácil
O relatório vem à luz no momento em que se alastra a repercussão do escândalo, e deverá injetar combustível nas investigações.
Kenneth Lay, ex-presidente da
corporação, é esperado hoje no
Congresso para falar o que sabe
sobre o caso. Outros executivos
também deverão ser ouvidos nesta semana, caso não invoquem o
direito de permanecer calados.
Segundo o relatório divulgado
no sábado, os diretores usavam as
parceiras para obter ganhos pessoais, deixando os encargos para
a companhia. "Os funcionários
envolvidos nas parcerias enriqueceram em dezenas de milhões de
dólares que jamais deveriam ter
recebido", diz o texto.
Andrew Fastow, antigo diretor
financeiro e um dos principais
executivos da companhia, embolsou US$ 30 milhões com as transações. Michael Kopper, que trabalhava com Fastow, ficou com
US$ 10 milhões. A fraude teria garantido a outros dois executivos
US$ 1 milhão cada, enquanto outros dois faturaram centenas de
milhares de dólares, concluiu o
inquérito interno.
A Andersen, que vem sendo
acusada de ser conivente com as
irregularidades, não deu crédito
ao documento. "Os autores desse
relatório, cuja independência já
foi questionada, foram escolhidos
a dedo", afirmou Charlie Leonard, porta-voz da auditoria.
Em apenas uma transação, Fastow investiu US$ 25 mil em uma
parceria e, em dois meses, faturou
US$ 4,5 milhões. No mesmo negócio, dois outros funcionários
investiram US$ 5.800 e ganharam
perto de US$ 1 milhão.
O colapso da Enron começou
em outubro. Depois de anunciar
perda de US$ 1,4 bilhão entre julho e setembro, as ações começaram a cair. A situação se agravou
quando a Dynegy, sua concorrente, não aceitou uma proposta de
fusão. Na sequência, surgiram as
primeiras desconfianças sobre a
contabilidade. Com o crédito abalado, a Enron pediu concordata
no dia 2 de dezembro.
Cada ação da empresa, que chegou a valer US$ 90, hoje é negociada a menos de US$ 0,90. Entre os
investidores que amargaram o
prejuízo está a sogra do presidente dos EUA, George W. Bush.
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