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IRAQUE NA MIRA
Secretário americano apresentará amanhã documentos contra Bagdá; Blair busca obter apoio francês
Powell promete ser "convincente" na ONU
DA REDAÇÃO
O secretário de Estado dos
EUA, Colin Powell, promete fazer
amanhã ao Conselho de Segurança (CS) uma "demonstração direta, sóbria e convincente" de que o
Iraque continua a esconder suas
armas, enganar a ONU e a violar
suas resoluções.
Assim como Powell, o premiê
britânico, Tony Blair, se esforça
para convencer a opinião pública
da necessidade de um ataque contra o ditador Saddam Hussein.
Ele disse ontem haver provas
"inequívocas" de que o Iraque
não está cooperando com os inspetores de armas. E afirmou que a
história do desarmamento do
país, que já dura 12 anos, entrou
na "fase final". "Oito semanas já
se passaram desde que Saddam
teve sua última chance, 600 semanas desde a primeira chance", declarou o premiê no Parlamento.
"As provas de recusa em cooperar
são inequívocas."
EUA e Reino Unido argumentam que Bagdá está violando a resolução 1441 do CS, que exige que
Saddam coopere para o seu desarmamento pacífico ou enfrente
"sérias consequências".
Em artigo no diário "The Wall
Street Journal", Powell disse, porém, que não haverá nenhum
"smoking gun" (termo usado para descrever uma prova irrefutável, que poderia justificar ação
militar) em sua apresentação.
Suas provas terão como base
imagens de satélite e gravações de
conversas entre altos funcionários iraquianos. Richard Haass,
diretor de planejamento do Departamento de Estado, afirmou
que os documentos não trarão
detalhes capazes de ser usados
num tribunal, mas que convencerão "qualquer pessoa sensata" de
que Bagdá está escondendo algo.
Powell escreveu que Bagdá continuou a desenvolver seus programas de armas em janeiro. E repetiu: "Não deixaremos de ir à guerra se esta for a única forma de livrar o Iraque de suas armas de
destruição em massa".
Londres e Washington vêm
concentrando mais de 150 mil militares no golfo Pérsico, parte dos
preparativos para uma guerra.
Seus governos enfrentam oposição de países como França, Alemanha, Rússia e China, que pedem mais tempo aos inspetores.
Blair e Chirac
O premiê do Reino Unido terá
hoje um encontro de cúpula com
o presidente da França, Jacques
Chirac. Tentará convencer Paris a
votar a favor de nova resolução no
CS autorizando o uso da força.
Espera-se que Blair utilize o argumento de que a ONU ficará enfraquecida se não for capaz de fazer valer as resoluções que determinam o desarmamento do Iraque. "Mostre fraqueza agora e
ninguém acreditará em nós no futuro, quando tentarmos mostrar
força", disse o premiê ontem.
EUA e Reino Unido se dizem
dispostos a atacar Saddam mesmo sem uma segunda resolução.
Mas Blair e Bush não descartam a
hipótese de tentar obtê-la, o que
lhes traria maior apoio doméstico
e suporte internacional.
A França, que tem direito de veto no CS, está entre os que fazem
mais forte oposição à guerra. Paris e Berlim anunciaram que farão
tudo o que estiver ao seu alcance
para evitar o conflito. A União Européia vive, assim, uma divisão
entre os países alinhados aos EUA
e aqueles contrários a um ataque.
A cúpula de hoje na França será
também um teste para o relacionamento pessoal entre Blair e
Chirac. Numa reunião em outubro, os dois tiveram um bate-boca
ao tratar de questões ligadas ao financiamento da expansão da
União Européia.
Blair falou ontem por telefone
com o presidente russo, Vladimir
Putin, e com o premiê italiano,
Silvio Berlusconi. Putin atribuiu a
Bagdá a responsabilidade pela crise, mas pediu também que seja
dado mais tempo aos inspetores.
O presidente egípcio, Hosni
Mubarak, afirmou que cabe ao
Iraque a tarefa de evitar uma
guerra. "A próxima fase depende
do comportamento do governo
de Bagdá e de seu empenho em
políticas transparentes para poupar o povo iraquiano das calamidades da guerra", disse Mubarak
ao diário oficial "Al Gomhuria".
Com agências internacionais
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