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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Secretário americano apresentará amanhã documentos contra Bagdá; Blair busca obter apoio francês

Powell promete ser "convincente" na ONU

DA REDAÇÃO

O secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, promete fazer amanhã ao Conselho de Segurança (CS) uma "demonstração direta, sóbria e convincente" de que o Iraque continua a esconder suas armas, enganar a ONU e a violar suas resoluções.
Assim como Powell, o premiê britânico, Tony Blair, se esforça para convencer a opinião pública da necessidade de um ataque contra o ditador Saddam Hussein.
Ele disse ontem haver provas "inequívocas" de que o Iraque não está cooperando com os inspetores de armas. E afirmou que a história do desarmamento do país, que já dura 12 anos, entrou na "fase final". "Oito semanas já se passaram desde que Saddam teve sua última chance, 600 semanas desde a primeira chance", declarou o premiê no Parlamento. "As provas de recusa em cooperar são inequívocas."
EUA e Reino Unido argumentam que Bagdá está violando a resolução 1441 do CS, que exige que Saddam coopere para o seu desarmamento pacífico ou enfrente "sérias consequências".
Em artigo no diário "The Wall Street Journal", Powell disse, porém, que não haverá nenhum "smoking gun" (termo usado para descrever uma prova irrefutável, que poderia justificar ação militar) em sua apresentação.
Suas provas terão como base imagens de satélite e gravações de conversas entre altos funcionários iraquianos. Richard Haass, diretor de planejamento do Departamento de Estado, afirmou que os documentos não trarão detalhes capazes de ser usados num tribunal, mas que convencerão "qualquer pessoa sensata" de que Bagdá está escondendo algo.
Powell escreveu que Bagdá continuou a desenvolver seus programas de armas em janeiro. E repetiu: "Não deixaremos de ir à guerra se esta for a única forma de livrar o Iraque de suas armas de destruição em massa".
Londres e Washington vêm concentrando mais de 150 mil militares no golfo Pérsico, parte dos preparativos para uma guerra. Seus governos enfrentam oposição de países como França, Alemanha, Rússia e China, que pedem mais tempo aos inspetores.

Blair e Chirac
O premiê do Reino Unido terá hoje um encontro de cúpula com o presidente da França, Jacques Chirac. Tentará convencer Paris a votar a favor de nova resolução no CS autorizando o uso da força.
Espera-se que Blair utilize o argumento de que a ONU ficará enfraquecida se não for capaz de fazer valer as resoluções que determinam o desarmamento do Iraque. "Mostre fraqueza agora e ninguém acreditará em nós no futuro, quando tentarmos mostrar força", disse o premiê ontem.
EUA e Reino Unido se dizem dispostos a atacar Saddam mesmo sem uma segunda resolução. Mas Blair e Bush não descartam a hipótese de tentar obtê-la, o que lhes traria maior apoio doméstico e suporte internacional.
A França, que tem direito de veto no CS, está entre os que fazem mais forte oposição à guerra. Paris e Berlim anunciaram que farão tudo o que estiver ao seu alcance para evitar o conflito. A União Européia vive, assim, uma divisão entre os países alinhados aos EUA e aqueles contrários a um ataque.
A cúpula de hoje na França será também um teste para o relacionamento pessoal entre Blair e Chirac. Numa reunião em outubro, os dois tiveram um bate-boca ao tratar de questões ligadas ao financiamento da expansão da União Européia.
Blair falou ontem por telefone com o presidente russo, Vladimir Putin, e com o premiê italiano, Silvio Berlusconi. Putin atribuiu a Bagdá a responsabilidade pela crise, mas pediu também que seja dado mais tempo aos inspetores.
O presidente egípcio, Hosni Mubarak, afirmou que cabe ao Iraque a tarefa de evitar uma guerra. "A próxima fase depende do comportamento do governo de Bagdá e de seu empenho em políticas transparentes para poupar o povo iraquiano das calamidades da guerra", disse Mubarak ao diário oficial "Al Gomhuria".


Com agências internacionais


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