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OPOSIÇÃO
"Fim da greve é gesto para facilitar acordo"
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
A oposição não se considera
derrotada com o fim da greve geral, para o deputado Alejandro
Armas. Segundo ele, um ex-chavista que hoje negocia pela oposição na mesa de diálogo, o fim da
greve atendeu um pedido do Grupo de Amigos da Venezuela. "É
um gesto que a oposição pretende
fazer diante da possibilidade de
um acordo", disse ele à Folha, de
Caracas, por telefone.
Folha - A suspensão da greve geral é uma derrota da oposição?
Alejandro Armas - Acho que não.
A idéia era pressionar o governo
por uma saída eleitoral, que, na
minha opinião, está mais próxima hoje do que quando começamos a greve. A intervenção da
opinião pública internacional, cujo interesse foi despertado pela
greve, coincidiu com a conveniência de criar um cenário mais
flexível, excluindo a área petroleira, que tem suas peculiaridades. A
atitude do governo sobre a paralisação petroleira foi muito agressiva. Até agora não conseguimos na
mesa de diálogo coincidências na
análise da greve petroleira.
Folha - Qual foi o papel do Grupo
de Amigos na suspensão da greve?
Armas - Foi um pedido feito pelo
grupo, para buscar mecanismos
para facilitar a distensão entre as
posturas do governo e da oposição. Achamos que a nossa decisão
contribui para isso.
Folha - E não havia um pedido de
contrapartida para o governo?
Armas - Não. Estamos fazendo
isso sem exigir uma contrapartida
específica do governo. Fizemos isso como um gesto de boa vontade
em benefício da possibilidade,
que vemos relativamente próxima, de que a mesa de diálogo chegue proximamente a alguma solução para a crise.
Folha - Chávez disse ter derrotado a greve...
Armas - Com tantas dificuldades
que o governo tem nos planos político e econômico, e frente à derrota estrepitosa que prevê com o
recolhimento de mais de 4 milhões de assinaturas para confrontar as posições do governo, é
lógico que ele busque argumentos
inexistentes para justificar vitórias que não conseguiu. A via democrática pela qual a oposição
venezuelana está transitando está
encurralando o governo. É um
cerco democrático que vai terminar com a saída eleitoral.
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