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São Paulo, terça-feira, 04 de fevereiro de 2003

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OPOSIÇÃO

"Fim da greve é gesto para facilitar acordo"

ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO

A oposição não se considera derrotada com o fim da greve geral, para o deputado Alejandro Armas. Segundo ele, um ex-chavista que hoje negocia pela oposição na mesa de diálogo, o fim da greve atendeu um pedido do Grupo de Amigos da Venezuela. "É um gesto que a oposição pretende fazer diante da possibilidade de um acordo", disse ele à Folha, de Caracas, por telefone.
 

Folha - A suspensão da greve geral é uma derrota da oposição?
Alejandro Armas -
Acho que não. A idéia era pressionar o governo por uma saída eleitoral, que, na minha opinião, está mais próxima hoje do que quando começamos a greve. A intervenção da opinião pública internacional, cujo interesse foi despertado pela greve, coincidiu com a conveniência de criar um cenário mais flexível, excluindo a área petroleira, que tem suas peculiaridades. A atitude do governo sobre a paralisação petroleira foi muito agressiva. Até agora não conseguimos na mesa de diálogo coincidências na análise da greve petroleira.

Folha - Qual foi o papel do Grupo de Amigos na suspensão da greve?
Armas -
Foi um pedido feito pelo grupo, para buscar mecanismos para facilitar a distensão entre as posturas do governo e da oposição. Achamos que a nossa decisão contribui para isso.

Folha - E não havia um pedido de contrapartida para o governo?
Armas -
Não. Estamos fazendo isso sem exigir uma contrapartida específica do governo. Fizemos isso como um gesto de boa vontade em benefício da possibilidade, que vemos relativamente próxima, de que a mesa de diálogo chegue proximamente a alguma solução para a crise.

Folha - Chávez disse ter derrotado a greve...
Armas -
Com tantas dificuldades que o governo tem nos planos político e econômico, e frente à derrota estrepitosa que prevê com o recolhimento de mais de 4 milhões de assinaturas para confrontar as posições do governo, é lógico que ele busque argumentos inexistentes para justificar vitórias que não conseguiu. A via democrática pela qual a oposição venezuelana está transitando está encurralando o governo. É um cerco democrático que vai terminar com a saída eleitoral.


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