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São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2003

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IRAQUE NA MIRA

Para complicar planos de guerra dos EUA, país promete relatório sobre armas biológicas e destrói mais seis mísseis

Bagdá tenta acelerar cooperação com a ONU

Barry Batchelor/Associated Press
O primeiro de vérios bombardeiros B-52 da Força Aérea dos EUA que deverão chegar ao Reino Unido para fazer parte do iminente ataque ao Iraque aterrissa na base Fairford, no oeste da Inglaterra


DA REDAÇÃO

A ONU disse ontem que o Iraque pretende entregar-lhe, na próxima segunda-feira, um novo relatório sobre o que aconteceu com seus estoques de gás dos nervos VX e de antraz, em mais uma iniciativa para tentar evitar uma guerra contra os EUA.
Bagdá busca intensificar sua colaboração com a ONU na esperança de que a próxima intervenção do chefe dos inspetores de armas da entidade, o sueco Hans Blix, lhe seja favorável. Isso minaria ainda mais o esforço americano para obter uma resolução do Conselho de Segurança da ONU que autorize atacar o Iraque. Blix falará no CS nesta sexta-feira.
"O Iraque entregará um relatório sobre o VX e o antraz em uma semana", afirmou Hiro Ueki, porta-voz dos inspetores da ONU em Bagdá, à agência Reuters.
De acordo com diplomatas que trabalham com o tema (que não quiseram identificar-se), o novo relatório iraquiano poderá ser crucial no que se refere à votação, no CS, do projeto de resolução que poderá abrir caminho para a guerra contra o Iraque, já que poderá mostrar que, realmente, Bagdá está cooperando com a ONU.
Autoridades iraquianas tiveram reuniões com especialistas em armas da ONU, anteontem, para discutir a proposta iraquiana de realizar uma "verificação quantitativa" dos estoques de VX e de antraz que Bagdá diz ter destruído unilateralmente.
Em fevereiro, Blix criticou o governo do Iraque por não ter fornecido informações detalhadas para sustentar a afirmação de que seus estoques de armas químicas e biológicas foram destruídos.
O general iraquiano Amer al Saadi, conselheiro do ditador Saddam Hussein, disse, anteontem, que, nas últimas semanas, escavações feitas em locais próximos a Bagdá provaram que o Iraque tinha destruído "quantidades importantes" das substâncias proibidas VX e antraz.
O Iraque destruiu mais seis mísseis Al Samoud 2, chegando a um total de 16 mísseis destruídos desde o último sábado. Segundo a ONU, Bagdá possui cerca de 120 mísseis do gênero, e o início da destruição de seu estoque de mísseis foi classificado de "uma parte significativa do verdadeiro desarmamento" do país por Blix.
Estados europeus contrários à ofensiva militar contra o Iraque, como a França e a Rússia, saudaram o início da destruição dos Al Samoud 2 iraquianos, mas Washington o considerou mais um ato de "propaganda" por parte de Saddam. Al Saadi disse, anteontem, que o Iraque poderia parar de destruir seus mísseis se os EUA mantivessem sua intenção de atacar o país.
Autoridades iraquianas decidiram não divulgar imagens da destruição dos mísseis, que está sendo acompanhada por especialistas da ONU, porque elas são "muito duras" e "inaceitáveis" para a população iraquiana.

Com agências internacionais


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