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IRAQUE OCUPADO
Intensificação da segurança segue crítica de líder xiita; conselho iraquiano revê saldo de mortos para 271
Coalizão reforça fronteira e detém suspeitos
DA REDAÇÃO
Numa aparente reação às críticas feitas pelo principal líder xiita
iraquiano após os atentados de
anteontem, em Bagdá e Karbala,
os EUA decidiram reforçar a segurança nas fronteiras do Iraque.
Autoridades americanas e iraquianas crêem que estrangeiros
estejam envolvidos nos ataques.
Ontem o comando americano
anunciou a prisão de 15 suspeitos
de envolvimento nos atentados
em Karbala. Segundo o general
Mark Kimmit, vice-chefe de operações do Exército, cinco deles falam farsi, língua falada no Irã -o
que Kimmit sugeriu como indício, não comprovado, de que os
terroristas seriam estrangeiros.
O comando também revisou o
saldo de mortos de pelo menos
170 para 143. Já o Conselho de Governo Iraquiano fez uma alteração radical, elevando o número
para 271. Nenhum dos dois órgãos explicou como foi feita sua
contagem, e o motivo da discrepância seguia sendo uma incógnita ainda na noite de ontem.
Os atentados atingiram multidões de xiitas num dos dias mais
importantes de seu calendário religioso: a Ashura, quando é celebrado o martírio de Hussein, neto
do profeta Muhammed. Mais de
400 pessoas foram feridas pelos
três homens-bomba que agiram
na capital e pelos morteiros, pelas
bombas e pelo suicida que explodiram em Karbala, que recebia 2
milhões de peregrinos.
O aiatolá Ali al Sistani, principal
clérigo xiita do Iraque, emitiu um
comunicado após os ataques no
qual criticava os americanos por
não proverem a segurança necessária no país que ocupam, como
prevêem as leis internacionais.
Em aparente resposta, o diplomata americano Paul Bremer,
chefe da Autoridade Provisória da
Coalizão, anunciou o aumento da
presença de soldados na fronteira.
"Há hoje 8.000 guardas nas
fronteiras, e outros estão a caminho", disse. "Estamos adicionando centenas de veículos e dobrando o efetivo da polícia de fronteira
em algumas áreas. Os EUA destinaram US$ 60 milhões ao reforço
das fronteiras. São medidas práticas e terão efeito."
Estrangeiros
O chefe da APC disse que há sinais crescentes de que "boa parte
desse terrorismo venha de fora do
Iraque". Bremer citou o jordaniano Abu Musab al Zarqawi, acusado de ter vínculo com a Al Qaeda
(a rede responsável pelo 11 de Setembro), como o principal suspeito de estar por trás dos ataques.
Al Zarqawi foi apontado pelos
EUA como o autor de uma carta,
apreendida em janeiro, que pedia
à Al Qaeda ajuda para fomentar
uma guerra civil no Iraque, voltando a maioria xiita contra a minoria sunita.
"O nível de organização e o desejo de causar baixas entre os fiéis
inocentes são marcas registradas
da rede de Al Zarqawi, e nós temos informações comprovando
isso", disse o general John Abizaid, chefe do Comando Central
Americano. Mas ele não citou as
informações às quais se referiu.
Uma carta assinada pelas brigadas Abu Hafs al Masri, grupo ligado à Al Qaeda, negou o envolvimento da rede nos ataques de anteontem, atribuindo-os aos americanos. A autenticidade do texto
não foi comprovada.
O documento, que chama os
xiitas de "infiéis" (a Al Qaeda é
majoritariamente sunita), foi enviado por e-mail ao jornal árabe
"Al Quds al Arabi", sediado em
Londres, e repassado à agência de
notícias Associated Press.
"Dizemos aos muçulmanos que
somos inocentes nesse ato", diz.
A rede comandada por Osama
bin Laden, no entanto, não tem
como praxe reivindicar ou negar
a autoria de atentados.
Ataques evitados
A polícia de Basra anunciou ontem a apreensão de um carro com
250 kg de explosivos em um posto
de gasolina da cidade, mas Kimmit negou o episódio. Basra fica
no sul do país, principal reduto
xiita do Iraque.
Em Kirkuk, no norte, a polícia
disse ter encontrado 10 kg de
bombas ao longo de uma estrada
onde ocorreria um protesto xiita
hoje. Também foram presos dois
homens com explosivos em Najaf, outra cidade sagrada xiita.
Com agências internacionais
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