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Zapatero vence fácil o último debate na Espanha
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI
O presidente do governo espanhol, o socialista José Luis
Rodríguez Zapatero, candidato
à reeleição no domingo, ganhou o último debate da campanha eleitoral, de acordo com
pesquisa instantânea divulgada
pela rede de televisão Quatro.
Para 50,8% dos pesquisados
pelo Instituto Opina, Zapatero
foi o vencedor. Só 29% deram a
vitória ao oposicionista Mariano Rajoy (do conservador Partido Popular, o PP).
O resultado da pesquisa sobre o debate amplia bastante os
números dos dois mais recentes levantamentos sobre intenção de voto, que mostram uma
vantagem de Zapatero de quatro pontos percentuais.
Mas na pesquisa do canal
Quatro sobre quem vai ganhar
a eleição (não em quem o pesquisado vai votar), 83% responderam Zapatero. Só 14,7%
crêem que Rajoy será vencedor.
O debate de ontem não produziu novidades em relação ao
confronto anterior, na segunda-feira passada, que tivera
efeito quase nulo nas intenções
de voto. Para quem está atrás, é
um péssimo resultado.
De novo, Rajoy chamou Zapatero de mentiroso inúmeras
vezes. Disse até que o presidente do governo "mente sempre,
não diz a verdade jamais".
Já Zapatero tratou de demonstrar que Rajoy não tinha a
menor credibilidade. Para isso,
utilizou o fato de que Rajoy
mentiu ao dizer que perguntara
sobre a economia no primeiro
debate sobre o estado da nação,
quando era líder da oposição.
Zapatero leu, uma e outra vez,
qual fora a pergunta exata de
Rajoy, que não conseguiu desmontar a tese.
Zapatero começou sua exposição entregando à mediadora
o que chamou de "livro branco"
sobre a ação do governo nos
seus quatro anos de duração.
Era uma maneira de contrapor,
preventivamente, qualquer dado que Rajoy pudesse utilizar e
que não fosse correto.
Rajoy caiu na armadilha, ao
dizer, mais tarde, que também
tinha os seus dados e que também "eram certos", numa confirmação implícita de que Zapatero não estava mentindo, ao
contrário do que vinha dizendo
seguidamente.
Houve um segundo escorregão do oposicionista: Zapatero
insistiu em lembrar o apoio do
governo anterior, do PP, à guerra do Iraque e a manipulação
das informações sobre os atentados aos trens de Madri no dia
11 de março, três dias antes das
eleições, tentando atribui-los
ao grupo terrorista basco ETA,
quando foram praticados por
grupos radicais islâmicos.
Irritado pela insistência, Rajoy acabou dizendo: "Você quer
voltar a ganhar a eleição pelo
Iraque e pelo 11 de Março", numa confissão implícita de que a
sua derrota, em 2004, foi provocada pelo apoio à guerra e pela manipulação das informações sobre os atentados. O PP
jamais aceitou que essas foram
as causa da derrota de então.
O debate foi uma reiteração
das posições dos dois partidos
em temas bastante polêmicos.
Rajoy acusou Zapatero de negociar politicamente com o
ETA. Zapatero reagiu dizendo
que se comprometia, qualquer
que fosse o governo a emergir
do pleito de domingo, a apoiá-lo na luta contra o terrorismo.
Cobrou idêntica promessa do
oposicionista, que não a fez.
Rajoy insistiu, como no debate anterior, em que houve uma
imigração descontrolada, o
que, segundo ele, ameaça direitos dos espanhóis. Zapatero
preferiu dizer que a política
imigratória nascera de um "diálogo social", que quer repetir.
Na economia, como no debate anterior, Zapatero usou os
números de seus quatro anos
de gestão, bastante positivos.
Rajoy preferiu citar os números dos últimos meses, bem
mais desfavoráveis, em função
da desaceleração da economia
e da explosão de preços de alimentos, um fenômeno global.
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