São Paulo, terça-feira, 04 de março de 2008

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Zapatero vence fácil o último debate na Espanha

CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MADRI

O presidente do governo espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, candidato à reeleição no domingo, ganhou o último debate da campanha eleitoral, de acordo com pesquisa instantânea divulgada pela rede de televisão Quatro. Para 50,8% dos pesquisados pelo Instituto Opina, Zapatero foi o vencedor. Só 29% deram a vitória ao oposicionista Mariano Rajoy (do conservador Partido Popular, o PP).
O resultado da pesquisa sobre o debate amplia bastante os números dos dois mais recentes levantamentos sobre intenção de voto, que mostram uma vantagem de Zapatero de quatro pontos percentuais.
Mas na pesquisa do canal Quatro sobre quem vai ganhar a eleição (não em quem o pesquisado vai votar), 83% responderam Zapatero. Só 14,7% crêem que Rajoy será vencedor.
O debate de ontem não produziu novidades em relação ao confronto anterior, na segunda-feira passada, que tivera efeito quase nulo nas intenções de voto. Para quem está atrás, é um péssimo resultado.
De novo, Rajoy chamou Zapatero de mentiroso inúmeras vezes. Disse até que o presidente do governo "mente sempre, não diz a verdade jamais".
Já Zapatero tratou de demonstrar que Rajoy não tinha a menor credibilidade. Para isso, utilizou o fato de que Rajoy mentiu ao dizer que perguntara sobre a economia no primeiro debate sobre o estado da nação, quando era líder da oposição. Zapatero leu, uma e outra vez, qual fora a pergunta exata de Rajoy, que não conseguiu desmontar a tese.
Zapatero começou sua exposição entregando à mediadora o que chamou de "livro branco" sobre a ação do governo nos seus quatro anos de duração. Era uma maneira de contrapor, preventivamente, qualquer dado que Rajoy pudesse utilizar e que não fosse correto.
Rajoy caiu na armadilha, ao dizer, mais tarde, que também tinha os seus dados e que também "eram certos", numa confirmação implícita de que Zapatero não estava mentindo, ao contrário do que vinha dizendo seguidamente.
Houve um segundo escorregão do oposicionista: Zapatero insistiu em lembrar o apoio do governo anterior, do PP, à guerra do Iraque e a manipulação das informações sobre os atentados aos trens de Madri no dia 11 de março, três dias antes das eleições, tentando atribui-los ao grupo terrorista basco ETA, quando foram praticados por grupos radicais islâmicos.
Irritado pela insistência, Rajoy acabou dizendo: "Você quer voltar a ganhar a eleição pelo Iraque e pelo 11 de Março", numa confissão implícita de que a sua derrota, em 2004, foi provocada pelo apoio à guerra e pela manipulação das informações sobre os atentados. O PP jamais aceitou que essas foram as causa da derrota de então.
O debate foi uma reiteração das posições dos dois partidos em temas bastante polêmicos. Rajoy acusou Zapatero de negociar politicamente com o ETA. Zapatero reagiu dizendo que se comprometia, qualquer que fosse o governo a emergir do pleito de domingo, a apoiá-lo na luta contra o terrorismo. Cobrou idêntica promessa do oposicionista, que não a fez.
Rajoy insistiu, como no debate anterior, em que houve uma imigração descontrolada, o que, segundo ele, ameaça direitos dos espanhóis. Zapatero preferiu dizer que a política imigratória nascera de um "diálogo social", que quer repetir.
Na economia, como no debate anterior, Zapatero usou os números de seus quatro anos de gestão, bastante positivos. Rajoy preferiu citar os números dos últimos meses, bem mais desfavoráveis, em função da desaceleração da economia e da explosão de preços de alimentos, um fenômeno global.


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