São Paulo, quinta-feira, 04 de março de 2010

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Alarme falso sobre novas ondas gigantes assusta Constitución

SILVANA ARANTES
ENVIADA ESPECIAL A CONSTITUCIÓN

Os moradores de Constitución, cidade chilena devastada pelo terremoto seguido de tsunami de sábado, se esforçam para sair do espanto provocado pela tragédia. Mas não conseguem. Ontem, um alerta de tsunami -que se revelou falso e de origem incerta- engendrou pânico na população.
Cortada pelo rio Maule, Constitución faz parte da região chilena (Maule) em que morreram 541 entre 802 vítimas contabilizadas.
Agora, além do medo de que o desastre se repita, os sobreviventes lidam com uma infinidade de problemas acarretados pela súbita perda de suas casas e negócios. A prefeitura abriu um guichê para cadastrar os pedidos de assistência ao Estado. A fila é longa e lenta, mas é imprescindível enfrentá-la.
Um membro do comitê de emergência montado pela prefeitura explica aos moradores que o governo estabelecerá um prazo para que o Estado se encarregue de completar a demolição das casas que o terremoto pôs abaixo. Passado esse prazo, os proprietários terão de arcar com os custos da demolição.
Embora tenha sido falso o alerta de tsunami em Constitución, é fato que a terra voltou a tremer ontem em diversas regiões do Chile. Na capital, Santiago, o tremor foi de 5,3 graus de magnitude. Em Concepción, a segunda maior cidade chilena, a réplica foi de 5,9 graus.
Em Constitución, o toque de recolher vai das 21h às 8h. E não há incidentes registrados durante sua vigência. "Não sabemos quando o toque de recolher será suspenso, porque a população ainda está muito assustada. É preciso que os moradores se acalmem", disse à Folha o major González.
Além da escassez de alimentos, convive-se com a falta de água e luz. O restabelecimento da rede de energia está previsto para amanhã ou depois. O fornecimento de água não tem data estimada para voltar.
A iminente chegada do outono, que virá trazendo o frio ao Chile, é outro fator de preocupação para quem teve a casa destruída. "Que incerteza, meu Deus!", desabafa uma moradora de Concepción.
"Não há casas para alugar aqui. Por causa dessas réplicas, não posso voltar para a minha, que ameaça desabar. Meu sobrinho me chamou para ir morar com ele em Talca. Mas eu não posso simplesmente virar as costas para a casa onde nasceram os meus pais."


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