São Paulo, sexta-feira, 04 de março de 2011

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Ex-chanceler Amorim defende as sanções contra ditador líbio

Ex-ministro ajudou na aproximação com Muammar Gaddafi durante o governo Lula

PAULA DAIBERT
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM DOHA (QATAR)

Apesar de se declarar contrário à aplicação de sanções, o ex-chanceler Celso Amorim apoiou a resolução aprovada pelo Conselho de Segurança da ONU na semana passada, que pune o regime do ditador da Líbia, Muammar Gaddafi.
"A Líbia é um caso extremo, em que sanções são necessárias para ver se param a matança", disse ele à Folha ontem, em Doha (Qatar).
O texto aprovado por unanimidade no órgão em 27 de fevereiro impôs sanções contra o líbio e autorizou abertura de investigação pelo Tribunal Penal Internacional.
"É preciso que Gaddafi perceba que o desejo de mudança é muito forte. É preciso uma solução rápida", disse.
Foi sob Amorim (2003-2010) que o Brasil promoveu uma política de aproximação com países árabes e africanos e, em alguns casos, com ditaduras, como a da Líbia.
Sobre possível endurecimento do atual governo brasileiro na condenação a violações de direitos humanos em países como o Irã, Amorim disse que parte da mídia está interessada em fazer essa comparação com o governo do ex-presidente Lula.
Para o ex-ministro, o Brasil assumiu uma posição independente em sua política externa sob Lula, que não correspondia com o desejo de parte da elite brasileira, que, afirmou, está acostumada com um "Brasil submisso".
"Nunca fomos a favor do que o governo iraniano faz, mas sanções não são o melhor caminho. Há falsa impressão de que o governo Lula não dava importância aos direitos humanos. Dávamos, mas não necessariamente seguindo a pauta que recebêssemos de A, B ou C. Somos a favor da negociação", disse.
Em palestra, Amorim disse que o Brasil pode ajudar na transição para a democracia no Egito e em outros países árabes devido à experiência com programas sociais.
O ex-ministro contou que, desde que deixou o governo, tem dado palestras em diferentes países e planeja dar aulas na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) no semestre que vem.
O ex-chanceler brasileiro participou de um evento organizado pela rede de notícias do Qatar Al Jazeera.


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