São Paulo, quarta, 4 de março de 1998

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Oposicionista pede vigilância dos outros países

da enviada especial

"Vigiem o Paraguai." O apelo foi feito durante entrevista à Folha, ontem, pelo candidato da oposição à Presidência da República, Domingo Laíno, 60. Foi dirigido aos EUA, à União Européia e ao Mercosul.
"A vigilância internacional é muito importante neste momento porque é o próprio presidente quem conspira contra a democracia paraguaia", disse Laíno. Wasmosy é também comandante-chefe das Forças Armadas e lidera as articulações para prorrogar as eleições. Candidato da Aliança Democrática (coligação do Partido Liberal Radical Autêntico com o Encontro Nacional), Laíno elogiou a ameaça velada dos parceiros do Mercosul, mais Chile e Bolívia, de expulsarem o Paraguai e estabelecerem embargo comercial contra o país caso a Constituição e o cronograma eleitoral não sejam cumpridos.
Pela manhã, no lançamento do programa da Aliança Democrática, citara a ameaça do Cone Sul e advertira: "Isso (um embargo) significará a bancarrota do país. Não vamos permiti-lo".
Ainda durante a solenidade, ele condenara os "bolsões autoritários que subsistem" e os "pescadores de rio revolto que querem inclusive envolver os bispos do Paraguai nesta carreira louca rumo ao precipício".
Nessa parte, uma das mais aplaudidas do discurso, condenou duramente a tese de prorrogação das eleições : "Constituição não se negocia, se cumpre".
O programa lançado ontem pela oposição tem quatro frentes principais: crescimento econômico sustentado, com geração de empregos; combate contra a corrupção e a insegurança pública; superação da pobreza e da exclusão social; integração internacional "com dignidade e identidade própria".
"Anos de governos corruptos e sectários nos fizeram conhecidos no mundo como o país do contrabando, da lavagem de dinheiro, da falsificação de marcas, venda de passaportes e refúgio de delinquentes", disse Laíno.
"Precisamos sair das listas negras em que nos colocaram os maus dirigentes (...), uns poucos mafiosos enfiados nas esferas de poder", acrescentou.
Depois, na entrevista, ele acrescentou que além de recuperar a credibilidade para atrair os capitais internacionais, o Paraguai deve também lutar por uma "cláusula de solidariedade" no Mercosul, como existe na União Européia.
Por essa cláusula, os países mais ricos bancariam uma espécie de fundo para financiar projetos estratégicos nos mais pobres, como estradas, por exemplo.
"Ao Brasil e à Argentina certamente não convém parceiros miseráveis à volta, não é?", disse.
Laíno foi aos Estados Unidos em janeiro e passou duas semanas na Europa em fevereiro, o que inclusive lhe valeu críticas internas por estar fora do país num momento tão decisivo. Mas ele justifica que o apoio externo é muito importante no Paraguai. (EC)


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