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ATAQUE DO IMPÉRIO
15º DIA
Com tropas na periferia, comandante diz que pode isolar cidade e esperar queda do regime
EUA atacam aeroporto e cogitam só cercar Bagdá
DA REDAÇÃO
Forças militares dos EUA invadiram ontem o Aeroporto Internacional Saddam Hussein, em
Bagdá, localizado na região sudoeste, a 20 quilômetros do centro. A investida marca a maior
aproximação das forças invasoras. Havia relatos ontem de tropas
a 10 km da capital. Segundo fontes
militares americanas, até 320 soldados iraquianos podem ter morrido na área do aeroporto.
Mas o general Richard Myers,
chefe do Estado-Maior norte-americano, admitiu ontem a possibilidade de apenas isolar Bagdá
e esperar que o regime de Saddam
Hussein perca completamente o
controle sobre o resto do país, em
vez de travar uma "batalha final"
pela cidade, que muitos antecipam que será sangrenta.
"Quando você chegar ao ponto
em que Bagdá esteja completamente isolada, que situação você
terá no país? Você tem um país
que Bagdá não controla mais e no
qual qualquer coisa que aconteça
dentro de Bagdá é quase irrelevante comparado com o que
acontece no resto do país", afirmou, numa entrevista coletiva.
Nesse caso, disse Mayers, em
questão de tempo Saddam não teria mais condições de se comunicar com as forças militares, que
controlam serviços como água e
eletricidade.
De qualquer forma, a eventual
tomada do aeroporto representa
um ponto-chave na ofensiva.
Segundo a agência France Presse, soldados da coalizão controlariam parcialmente o aeroporto.
Maurice Goins, comandante da 3ª
Divisão de Infantaria dos EUA,
disse a agências que cerca de mil
soldados já estariam no interior e
nas imediações do aeroporto.
No que teria sido a preparação
para o ataque, os norte- americanos atingiram com artilharia e foguetes, além de bombas lançadas
por aviões, supostos alvos na vila
de Furat, perto do aeroporto.
O Iraque anunciou que pelo
menos 83 pessoas, entre soldados
e civis iraquianos, teriam morrido
e outras 120 ficado feridas nos ataques na região. Um enviado da
Reuters afirmou ter visto "pilhas"
de corpos nos hospitais.
"Nossos soldados tomaram
uma série de áreas e estão mais
perto do centro da capital do Iraque do que muitos dos cidadãos
americanos estão de seus escritórios", disse o secretário da Defesa
dos EUA, Donald Rumsfeld.
Iraque nega
No início da tarde de ontem, o
comando militar da coalizão havia anunciado que suas tropas estavam a cerca de 10 km do chamado portão sudeste de Bagdá e se
preparavam para tomar o aeroporto. Minutos depois, o ministro
da Informação iraquiano, Mohammed Al Sahaf, convocou uma
entrevista para negar que tropas
invasoras estivessem próximas à
cidade -e do aeroporto. "Eles
não estão nem a cem milhas [160
km] de Bagdá. Não estão em lugar
nenhum." Já o vice-premiê, Tariq
Aziz, afirmou que Bagdá "está
bem defendida e que a guerra será
enorme e custosa se os invasores
tentarem entrar" na capital.
Autoridades iraquianas decidiram, segundo a rede britânica
BBC, levar jornalistas ocidentais
até o aeroporto para provar que
os EUA "estavam mentindo".
Segundo a Assoaciated Press,
no momento do ataque, o aeroporto estava deserto, exceto pela
presença de empregados e guardas armados. Por conta do embargo econômico imposto ao Iraque no final da Guerra do Golfo
(1991), o aeroporto tinha seu uso
limitado -servia esporadicamente para vôos da ONU que levam alimentos e remédios ao país
e para vôos domésticos.
De acordo com a rede CNN,
quando do início do ataque ao aeroporto, o ministro Al Sahaf exortou, pela televisão, os bagdalis para que fossem às ruas a fim de defender a capital contra a invasão.
As tropas americanas atacaram
uma Bagdá quase tomada pela escuridão. Um blecaute atingiu a
maioria dos distritos da cidade
por volta das 20 horas (locais).
Membros de forças especiais fizeram ontem uma incursão ao
palácio presidencial Thar Thar,
uma das residências usadas por
Saddam Hussein e seus filhos, a
cerca de 90 km de Bagdá. O porta-voz do comando militar, general
Vincent Brooks, disse que nenhum dos líderes do regime foi
capturado na incursão. Foram
encontrados apenas documentos
no local.
Com agências internacionais
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