|
Texto Anterior | Índice
DISPUTA VIRTUAL
Verbete do argentino na rede é bloqueado após avalanche de alterações
Kirchner é foco de briga na internet
DE BUENOS AIRES
Quem é Néstor Kirchner? Depende da hora, ou do minuto,
em que se consulte a versão em
espanhol da Wikipedia
(www.wikipedia.com), a enciclopédia aberta a atualizações
on-line: ora o presidente argentino é descrito como "mal-educado e hegemônico" da "centro-direita" ou como alguém "da esquerda" de seu partido com "alto respaldo da população".
A ferrenha disputa dos internautas fez a enciclopédia proibir
ontem modificações no verbete
dedicado ao chefe da Casa Rosada. Só podem incluir novos dados, ou apagar trechos, usuários
cadastrados no sistema. Anônimos e novatos estão temporariamente vetados "devido ao recente vandalismo" -inclusão
de insultos ou mentiras.
A "batalha virtual" para ter a
última palavra sobre o governo
Kirchner ganhou impulso no
domingo, quando o jornal "La
Nación" publicou reportagem
sobre o tema. Se antes o verbete
ganhava uma modificação a cada quatro dias -média alta- e
continha um alerta sobre riscos
das informações contidas, desde anteontem o texto sofria uma
edição a cada dez minutos.
Segundo os criadores e defensores da Wikipedia, a liberdade
que os usuários têm para mudar
os textos, e a pluralidade própria da rede, garantiria, em tese,
a "neutralidade" das informações, aproximando-se dos compêndios tradicionais.
Para uma idéia do nível de
controvérsia gerada pelo argentino, ao lado de Kirchner está Fidel Castro, também "sob intervenção" por conta da disputa
entre internautas. O verbete de
George W. Bush não tem nenhuma restrição, e no de Luiz
Inácio Lula da Silva, na versão
em português, há apenas um
alerta de "falta de neutralidade".
A disputa no verbete de Kirchner já começava a contaminar
ontem os perfis dos ex-presidentes Carlos Menem (1989-99)
e Raul Alfonsín (1983-89) e o
item sobre o argentino na versão em inglês da enciclopédia.
Para azar dos simpatizantes
de Kirchner, a versão "parcialmente congelada" ontem era
dura com a Casa Rosada, afinada com as críticas que os partidos mais à esquerda fazem ao
governo. Classificava de "apenas verbal" o enfrentamento do
presidente com o FMI e citava o
achatamento salarial como motor do crescimento econômico.
(FLÁVIA MARREIRO)
Texto Anterior: Eleitores no Brasil têm até o dia 6 para votar Índice
|