São Paulo, terça-feira, 04 de abril de 2006

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DISPUTA VIRTUAL

Verbete do argentino na rede é bloqueado após avalanche de alterações

Kirchner é foco de briga na internet

DE BUENOS AIRES

Quem é Néstor Kirchner? Depende da hora, ou do minuto, em que se consulte a versão em espanhol da Wikipedia (www.wikipedia.com), a enciclopédia aberta a atualizações on-line: ora o presidente argentino é descrito como "mal-educado e hegemônico" da "centro-direita" ou como alguém "da esquerda" de seu partido com "alto respaldo da população".
A ferrenha disputa dos internautas fez a enciclopédia proibir ontem modificações no verbete dedicado ao chefe da Casa Rosada. Só podem incluir novos dados, ou apagar trechos, usuários cadastrados no sistema. Anônimos e novatos estão temporariamente vetados "devido ao recente vandalismo" -inclusão de insultos ou mentiras.
A "batalha virtual" para ter a última palavra sobre o governo Kirchner ganhou impulso no domingo, quando o jornal "La Nación" publicou reportagem sobre o tema. Se antes o verbete ganhava uma modificação a cada quatro dias -média alta- e continha um alerta sobre riscos das informações contidas, desde anteontem o texto sofria uma edição a cada dez minutos.
Segundo os criadores e defensores da Wikipedia, a liberdade que os usuários têm para mudar os textos, e a pluralidade própria da rede, garantiria, em tese, a "neutralidade" das informações, aproximando-se dos compêndios tradicionais.
Para uma idéia do nível de controvérsia gerada pelo argentino, ao lado de Kirchner está Fidel Castro, também "sob intervenção" por conta da disputa entre internautas. O verbete de George W. Bush não tem nenhuma restrição, e no de Luiz Inácio Lula da Silva, na versão em português, há apenas um alerta de "falta de neutralidade".
A disputa no verbete de Kirchner já começava a contaminar ontem os perfis dos ex-presidentes Carlos Menem (1989-99) e Raul Alfonsín (1983-89) e o item sobre o argentino na versão em inglês da enciclopédia.
Para azar dos simpatizantes de Kirchner, a versão "parcialmente congelada" ontem era dura com a Casa Rosada, afinada com as críticas que os partidos mais à esquerda fazem ao governo. Classificava de "apenas verbal" o enfrentamento do presidente com o FMI e citava o achatamento salarial como motor do crescimento econômico. (FLÁVIA MARREIRO)


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