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VENEZUELA
Presidente diz ser "o mesmo" depois do golpe; para ele, os EUA têm "percepção falsa" sobre seu país e seu governo
Chávez diz que não há "oposição séria" para dialogar
DA REDAÇÃO
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que o golpe
que o tirou do poder por dois
dias, há três semanas, não o fez
mudar de atitude. "É o mesmo
Chávez, o mesmo Chávez de sempre", disse, em terceira pessoa, em
entrevista publicada ontem pelo
jornal "The New York Times".
Chávez foi deposto por um golpe após uma megamanifestação
de oposição, no dia 11 de abril, na
qual 17 pessoas foram mortas. Ele
retomou o cargo na madrugada
do dia 14 de abril, após manifestações populares de apoio e a ação
de militares leais a ele. Chávez
reassumiu a Presidência prometendo diálogo com a oposição e
falando em "retificação".
Na entrevista publicada ontem,
o presidente desconsidera a oposição. "Não há oposição política
séria", disse. "Não tenho na oposição alguém com quem possa
sentar e falar em profundidade,
alguém que seja um dirigente sério, honesto, que tenha uma liderança na oposição", afirmou.
Chávez disse ainda que não mudou suas convicções e que continuará trabalhando pela "revolução bolivariana". "Retomamos o
projeto bolivariano", afirmou.
"O sistema de governo mais
perfeito é o que dá às pessoas a
maior quantidade de segurança
social, a maior quantidade de felicidade", disse ele. "A essência de
um processo revolucionário pacífico e democrático é dar à nossa
gente, sem exceção nem exclusão
de nenhuma classe, cor ou crença
religiosa, a maior quantidade possível de felicidade", disse.
Visto com desconfiança pelos
EUA, por conta de seus laços com
os ditadores Fidel Castro, de Cuba, e Saddam Hussein, do Iraque,
Chávez disse que seu governo deve trabalhar para melhorar sua
imagem. "Há uma falsa percepção em Washington sobre o que
Chávez ou a Venezuela são", disse. "Temos de trabalhar duro para
que eles percebam o que somos:
um país democrático, com um
presidente legítimo, que respeita
os direitos humanos e a liberdade
de expressão", afirmou.
Questionado sobre as informações que sugerem alguma participação dos EUA no golpe, Chávez
afirmou que as relações entre os
dois países passam por um "mau
momento" e disse que seria "horrível" se essa participação for confirmada. "O que eu tenho dito é que peço a Deus para que isso seja
falso", disse Chávez.
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