São Paulo, sábado, 04 de maio de 2002

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VENEZUELA

Presidente diz ser "o mesmo" depois do golpe; para ele, os EUA têm "percepção falsa" sobre seu país e seu governo

Chávez diz que não há "oposição séria" para dialogar

DA REDAÇÃO

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, afirmou que o golpe que o tirou do poder por dois dias, há três semanas, não o fez mudar de atitude. "É o mesmo Chávez, o mesmo Chávez de sempre", disse, em terceira pessoa, em entrevista publicada ontem pelo jornal "The New York Times".
Chávez foi deposto por um golpe após uma megamanifestação de oposição, no dia 11 de abril, na qual 17 pessoas foram mortas. Ele retomou o cargo na madrugada do dia 14 de abril, após manifestações populares de apoio e a ação de militares leais a ele. Chávez reassumiu a Presidência prometendo diálogo com a oposição e falando em "retificação".
Na entrevista publicada ontem, o presidente desconsidera a oposição. "Não há oposição política séria", disse. "Não tenho na oposição alguém com quem possa sentar e falar em profundidade, alguém que seja um dirigente sério, honesto, que tenha uma liderança na oposição", afirmou.
Chávez disse ainda que não mudou suas convicções e que continuará trabalhando pela "revolução bolivariana". "Retomamos o projeto bolivariano", afirmou.
"O sistema de governo mais perfeito é o que dá às pessoas a maior quantidade de segurança social, a maior quantidade de felicidade", disse ele. "A essência de um processo revolucionário pacífico e democrático é dar à nossa gente, sem exceção nem exclusão de nenhuma classe, cor ou crença religiosa, a maior quantidade possível de felicidade", disse.
Visto com desconfiança pelos EUA, por conta de seus laços com os ditadores Fidel Castro, de Cuba, e Saddam Hussein, do Iraque, Chávez disse que seu governo deve trabalhar para melhorar sua imagem. "Há uma falsa percepção em Washington sobre o que Chávez ou a Venezuela são", disse. "Temos de trabalhar duro para que eles percebam o que somos: um país democrático, com um presidente legítimo, que respeita os direitos humanos e a liberdade de expressão", afirmou.
Questionado sobre as informações que sugerem alguma participação dos EUA no golpe, Chávez afirmou que as relações entre os dois países passam por um "mau momento" e disse que seria "horrível" se essa participação for confirmada. "O que eu tenho dito é que peço a Deus para que isso seja falso", disse Chávez.



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