São Paulo, quarta-feira, 04 de junho de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / FIM DAS PRÉVIAS

Obama se declara o candidato democrata

Superdelegados e últimas primárias selam os 2.118 votos necessários na convenção que consagrará presidenciável do partido opositor

Acaba fase de prévias; se confirmado, jovem senador negro terá derrotado Hillary Clinton e disputará Casa Branca com John McCain

SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL (MINNESOTA)

Barack Hussein Obama, 46, senador progressista que chegou ao cenário político norte-americano em 2004 prometendo mudança, conquistou os votos necessários para ser o primeiro negro da história dos Estados Unidos a concorrer à Presidência por um partido majoritário. Com uma escolha cautelosa de palavras, disse que será o candidato do Partido Democrata à Casa Branca.
Bateu sua oponente nas prévias partidárias, a ex-primeira-dama Hillary Clinton, numa derrota apertada que marca o fim de uma era. Esta será a primeira eleição presidencial desde 1992 em que nem um Clinton nem um Bush encabeçará uma chapa. Obama concorrerá, assim, com o senador republicano John McCain, um herói de guerra e ex-prisioneiro torturado do Vietnã 25 anos mais velho do que ele.
"Nesta noite, nós marcamos o final de uma jornada histórica com o começo de outra, que trará um dia novo e melhor aos EUA", afirmou, no final da noite de ontem, a uma platéia de 20 mil pessoas num estádio da cidade de St. Paul, no Estado de Minnesota. "Por sua causa, nesta noite, eu me levanto diante de vocês e digo que serei o indicado democrata para a Presidência dos EUA."
A decisão de usar o tempo verbal no futuro, não no presente, deve-se ao fato de que sua candidatura só será oficial após a convenção nacional do partido, que acontece no final de agosto. Mas revela também o tumulto e a indecisão que marcou essa fase do processo eleitoral norte-americano, as mais de 50 prévias eleitorais que se estenderam por cinco meses e terminaram ontem, com os pleitos de Dakota do Sul e Montana.
Esse clima foi traduzido pela declaração de Hillary Clinton minutos antes do discurso de Obama, em que ela se recusava a assumir a derrota, como é tradição na política local. "Não vou tomar nenhuma decisão nesta noite", afirmou, ao dizer que conclamava seus "mais de 18 milhões" de eleitores a mandar sugestões a seu site sobre o que deveria fazer.

Polarização
Apesar de o senador ter vencido no quesito que importa e pelo qual o partido toma sua decisão, que é o número de delegados partidários obtidos durante as prévias e no apoio de superdelegados, membros do partido que votam na convenção sem vínculo com as urnas, a ex-primeira-dama se aferrava a uma maneira específica e controversa de contar o total de votos populares, que a colocam na frente de Obama.
Numa disputa tão polarizada quanto essa, em que Obama batia Hillary por 231 delegados ontem e estava apenas 36 delegados acima do mínimo exigido pelos democratas para a candidatura -2.118-, os dois senadores sabem que é preciso unir os eleitores para que o partido vença nas urnas em novembro.
Não foi por outro motivo que Obama elogiou não só sua oponente como o governo do marido dela, Bill Clinton (1993-2000). Acenou ainda com a hipótese de uma participação da ex-primeira-dama em seu governo, ao dizer que ela seria peça "central" em seu plano e reforma do sistema de saúde e de política energética.
O cacife de Hillary vem do fato de ela ter vencido em grandes Estados como Pensilvânia, que podem definir a disputa em novembro, e em universos eleitorais como operários brancos e mulheres mais velhas, nos quais o senador vem se saindo muito mal.
A corrida encerrada ontem -com vitória dela em Dakota do Sul e projeção de vitória dele em Montana- foi pródiga em recordes batidos. Foram quase 40 milhões de votos computados nas prévias e meio bilhão de dólares arrecadados só pelos candidatos de oposição.
No discurso ontem, Obama centrou fogo no que será sua estratégia doravante: o esforço de caracterizar a candidatura de McCain como um terceiro mandato de George W. Bush, um dos presidentes mais impopulares da história do país.


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