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SUCESSÃO NOS EUA / FIM DAS PRÉVIAS
Obama se declara o candidato democrata
Superdelegados e últimas primárias selam os 2.118 votos necessários na convenção que consagrará presidenciável do partido opositor
Acaba fase de prévias; se confirmado, jovem senador negro terá derrotado Hillary Clinton e disputará Casa Branca com John McCain
SÉRGIO DÁVILA
ENVIADO ESPECIAL A ST. PAUL (MINNESOTA)
Barack Hussein Obama, 46,
senador progressista que chegou ao cenário político norte-americano em 2004 prometendo mudança, conquistou os votos necessários para ser o primeiro negro da história dos Estados Unidos a concorrer à Presidência por um partido majoritário. Com uma escolha cautelosa de palavras, disse que será o candidato do Partido Democrata à Casa Branca.
Bateu sua oponente nas prévias partidárias, a ex-primeira-dama Hillary Clinton, numa
derrota apertada que marca o
fim de uma era. Esta será a primeira eleição presidencial desde 1992 em que nem um Clinton nem um Bush encabeçará
uma chapa. Obama concorrerá,
assim, com o senador republicano John McCain, um herói
de guerra e ex-prisioneiro torturado do Vietnã 25 anos mais
velho do que ele.
"Nesta noite, nós marcamos
o final de uma jornada histórica
com o começo de outra, que
trará um dia novo e melhor aos
EUA", afirmou, no final da noite de ontem, a uma platéia de
20 mil pessoas num estádio da
cidade de St. Paul, no Estado de
Minnesota. "Por sua causa,
nesta noite, eu me levanto
diante de vocês e digo que serei
o indicado democrata para a
Presidência dos EUA."
A decisão de usar o tempo
verbal no futuro, não no presente, deve-se ao fato de que
sua candidatura só será oficial
após a convenção nacional do
partido, que acontece no final
de agosto. Mas revela também
o tumulto e a indecisão que
marcou essa fase do processo
eleitoral norte-americano, as
mais de 50 prévias eleitorais
que se estenderam por cinco
meses e terminaram ontem,
com os pleitos de Dakota do Sul
e Montana.
Esse clima foi traduzido pela
declaração de Hillary Clinton
minutos antes do discurso de
Obama, em que ela se recusava
a assumir a derrota, como é tradição na política local. "Não
vou tomar nenhuma decisão
nesta noite", afirmou, ao dizer
que conclamava seus "mais de
18 milhões" de eleitores a mandar sugestões a seu site sobre o
que deveria fazer.
Polarização
Apesar de o senador ter vencido no quesito que importa e
pelo qual o partido toma sua
decisão, que é o número de delegados partidários obtidos durante as prévias e no apoio de
superdelegados, membros do
partido que votam na convenção sem vínculo com as urnas, a
ex-primeira-dama se aferrava a
uma maneira específica e controversa de contar o total de votos populares, que a colocam na
frente de Obama.
Numa disputa tão polarizada
quanto essa, em que Obama batia Hillary por 231 delegados
ontem e estava apenas 36 delegados acima do mínimo exigido
pelos democratas para a candidatura -2.118-, os dois senadores sabem que é preciso unir
os eleitores para que o partido
vença nas urnas em novembro.
Não foi por outro motivo que
Obama elogiou não só sua oponente como o governo do marido dela, Bill Clinton (1993-2000). Acenou ainda com a hipótese de uma participação da
ex-primeira-dama em seu governo, ao dizer que ela seria peça "central" em seu plano e reforma do sistema de saúde e de
política energética.
O cacife de Hillary vem do fato de ela ter vencido em grandes Estados como Pensilvânia,
que podem definir a disputa em
novembro, e em universos eleitorais como operários brancos
e mulheres mais velhas, nos
quais o senador vem se saindo
muito mal.
A corrida encerrada ontem
-com vitória dela em Dakota
do Sul e projeção de vitória dele
em Montana- foi pródiga em
recordes batidos. Foram quase
40 milhões de votos computados nas prévias e meio bilhão
de dólares arrecadados só pelos
candidatos de oposição.
No discurso ontem, Obama
centrou fogo no que será sua
estratégia doravante: o esforço
de caracterizar a candidatura
de McCain como um terceiro
mandato de George W. Bush,
um dos presidentes mais impopulares da história do país.
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