São Paulo, sábado, 04 de junho de 2011

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Criação de emprego nos EUA decepciona

Mercado de trabalho tem o pior resultado desde setembro de 2010 e cria dúvidas sobre retomada econômica

Notícia é revés para o presidente Obama, que conta com aquecimento da economia para ter boa chance de reeleição
ÁLVARO FAGUNDES
DE NOVA YORK

O mercado de trabalho americano teve no mês passado o seu pior resultado desde setembro de 2010, alimentando ainda mais as dúvidas sobre a retomada da principal economia mundial.
Após criar 232 mil vagas em abril, a economia dos EUA gerou 54 mil em maio, resultado que é considerado insuficiente em períodos tranquilos e é ainda pior para um país que acumula a perda de quase 7 milhões de postos desde o início de 2008.
A economia dos EUA precisa gerar cerca de 150 mil vagas mensais só para atender quem está ingressando no mercado de trabalho, e analistas esperavam um resultado próximo a esse em maio.
O resultado do mês passado mostrou que o setor público continuou a demitir pessoal à medida que a arrecadação permanece caindo, enquanto as empresas reduziram as contratações para o menor patamar em um ano.
Para Gregory Daco, economista da consultoria IHS, essa desaceleração na criação de postos de trabalho se deve ao terremoto do Japão (que afetou a cadeia de fornecimento, em especial do setor automotivo) e ao aumento dos preços das commodities.
Segundo ele, as empresas decidiram cortar pessoal ou contratar menos gente para não ter que repassar para os consumidores a alta da cotação de commodities como petróleo.
O economista afirma que, como são "transitórios" os fatores que levaram à menor criação de vagas, a expectativa é que o mercado de trabalho melhore ao longo dos próximos meses, mas que o desemprego deve continuar alto até o fim deste ano, acima de 8%.

ELEIÇÃO
A recuperação da economia americana é considerada fundamental para o sucesso da campanha de reeleição do presidente Barack Obama no ano que vem.
Ele conseguiu tirar os EUA da recessão em que o país estava quando assumiu, em janeiro de 2009, mas o desemprego, que estava em 7,8% no mês da sua posse, continua alto, em 9,1%.
Pesquisa publicada no fim de abril mostra que 40% dos americanos aprovam como Obama está manejando a economia dos EUA -o menor índice de aprovação desde que ele está no poder.
E os dados mais recentes não são positivos: o PIB do primeiro trimestre se expandiu pouco, o preço das casas está no menor patamar desde 2002 e o setor industrial vem se desacelerando.
É com esse cenário que o BC dos EUA (Fed) se reúne neste mês para decidir se encerra o seu polêmico programa de estímulo de US$ 600 bilhões.
Como os juros já estão próximos de zero, o governo tem poucas ferramentas para estimular a economia, e optar por uma nova rodada de compra de títulos pelo Fed pode fazer com que a inflação continue a se acelerar.
Os preços em abril tiveram a maior alta em dois anos, com avanço de 3,2%, estimulado em grande parte pelo aumento dos combustíveis.


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