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TESE
Pesquisador diz que Walter Benjamin não se matou, mas foi morto a mando de Stálin
Morte de Benjamin tem nova teoria
SÉRGIO DÁVILA
DE NOVA YORK
Meio século depois de sua morte, o corpo do filósofo judeu-alemão Walter Benjamin (1892-1940) continua causando polêmica. De acordo com o estudioso
Stephen Schwartz, o ensaísta da
primeira geração da Escola de
Frankfurt foi assassinado a mando do ditador russo Joseph Stálin
e não se suicidou, a versão oficial.
A tese foi publicada há alguns
dias por Schwartz no semanário
político conservador "The
Weekly Standard", baseado em
Washington, e desde então tem
agitado o ambiente acadêmico.
Segundo o que se sabia até agora, na noite de 26 de setembro de
1940, num pequeno hotel de Portbou, na costa da Catalunha, o autor de "A Obra de Arte na Era de
sua Reprodutibilidade Técnica"
suicidou-se tomando uma overdose de morfina.
Decidiu se matar depois de fugir
dos nazistas na França, cruzar os
Pirineus e ter sua permanência
proibida na Espanha. Ele foi encontrado por Henny Gurland,
uma das quatro mulheres que o
acompanhavam nessa viagem
que possivelmente terminaria nos
EUA.
De acordo com Stephen
Schwartz, estudioso da relação
entre o comunismo e a intelectualidade nos anos 30, parte dessa
história é mentira. A fuga aconteceu e Gurland foi mesmo a primeira a encontrar Walter Benjamin morto, mas ele teria sido assassinado pela polícia secreta soviética a mando de Stálin.
Entre as evidências que apresenta, está a autópsia oficial, que
determina como causa da morte
de Benjamin "hemorragia cerebral" e afirma que não foram encontradas drogas em seu sangue
nem em seu aparelho digestivo.
Ainda, Schwartz diz que a única
fonte a ter declarado o suicídio foi
a própria Henny Gurland, militante de extrema esquerda que teve comportamento suspeito no
caso e cujo marido, Arkadi, seria
ele próprio um espião soviético.
Primeiro, Henny disse ter destruído as duas notas de suicídio
que teriam sido escritas por Benjamin e entregues a ela, uma sem
destinatário e outra para seu amigo, o filósofo Theodor Adorno.
Depois, resumiu as duas numa
nota escrita em francês por ela.
Além disso, há o caso do manuscrito desaparecido. De acordo
com relatos da época, o filósofo
carregava o tempo todo consigo
durante a fuga uma pesada mala
que conteria os originais de um livro inédito, "o mais importante
para mim", segundo declarou. O
texto nunca foi encontrado.
Walter Benjamin não era estranho ao comunismo, apesar de
nunca ter pertencido oficialmente
ao partido. Esteve em Moscou pelo menos uma vez e era amigo íntimo do dramaturgo Bertolt
Brecht e de Adorno, ambos apoiadores em graus diferentes do regime de Joseph Stálin.
O filósofo passou a atacar Stálin
à época do pacto entre a então
União Soviética e a Alemanha de
Hitler e a conviver com alguns
dos mais famosos ex-simpatizantes ou opositores do russo, como
o intelectual Arthur Koestler.
"Em suma, Benjamin não vivia
num ambiente seguro", disse o
estudioso Stephen Schwartz ao
jornal "The New York Times".
"Participava de um submundo
povoado por pessoas perigosas."
"Nenhuma das novas evidências contradiz a teoria do suicídio", disse o alemão Momme
Brodersen, autor da prestigiada
"Walter Benjamin: A Biography".
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