São Paulo, domingo, 04 de julho de 2004

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IRAQUE SOB TUTELA

Operação acaba com prisão de 51 suspeitos; insurgentes matam sete iraquianos e explodem oleoduto

EUA descobrem fábrica de carros-bomba em Bagdá

DA REDAÇÃO

O comando militar norte-americano anunciou ontem que soldados descobriram uma fábrica de carros-bomba em Bagdá durante uma operação de busca por armas ilegais na capital do Iraque. Por seu lado, o governo interino manifestou a intenção de oferecer anistia aos insurgentes.
De acordo com um porta-voz, o primeiro-ministro iraquiano, Iyad Allawi, está considerando a alternativa de anistiar os insurgentes que combateram as forças da coalizão. "Se eles estavam contra os americanos, isso é justificável porque era uma força de ocupação. Vamos dar a eles liberdade", afirmou Georges Sada.
O porta-voz acrescentou que o projeto de anistia ainda está sendo elaborado e não é certo que seja concedido perdão completo a quem matou americanos.

Fábrica de bombas
Os soldados encontraram numa oficina de Bagdá quatro veículos que aparentemente estavam sendo modificados para serem usados em atentados. Além dos carros, as forças de segurança descobriram mais de 12 milhões de dinares (cerca de R$ 25 mil) dentro de três cofres, rifles AK-47, munição e temporizadores. Três homens foram detidos. Em outros locais, os americanos prenderam 48 suspeitos e acharam mais armas e explosivos.
O Exército acredita que os suspeitos presos pertençam a uma célula responsável pela morte de dois soldados americanos em recentes ataques.
Em Mahmudiyah, na periferia sul de Bagdá, insurgentes atacaram um posto de controle, matando sete soldados iraquianos, segundo a agência de notícias Reuters. Um marine americano morreu devido a ferimentos recebidos na Província de Anbar na sexta-feira.
Também foi anunciada ontem a morte de Ihsan Karim, chefe dos representantes iraquianos na equipe que investiga denúncias de corrupção no programa Petróleo por Comida (ação coordenada pela ONU nos anos 90, na qual se abriu uma exceção no embargo econômico imposto ao Iraque para a compra de alimentos para a população). O carro de Karim foi atingido pela explosão de uma bomba na quinta-feira.
O vice-chanceler iraquiano, Hamid al Bayati, pediu que França e Alemanha, os principais opositores da Guerra do Iraque, ajudem na formação e treinamento das forças de segurança do país: "Precisamos construir um novo Exército, forças especiais e polícia. Precisamos de treinamento. Os países da Otan [a aliança militar ocidental], especialmente Alemanha e França, são importantes e necessitamos a ajuda deles".
Em cúpula realizada na semana passada em Istambul (Turquia), líderes da Otan ofereceram ao Iraque treinamento militar. França e Alemanha, porém, insistem que o treinamento deve ser feito fora do território iraquiano.
O rei do Bahrein, xeque Hamad al Khalifa, afirmou que seu país pode enviar uma força naval para ajudar na vigilância das águas territoriais do Iraque, caso receba um pedido. O anúncio veio na seqüência de ofertas feitas por outros países árabes (Jordânia e Iêmen). O chanceler iraquiano, Hoshiyar Zebari, reagiu sem entusiasmo: "Agradecemos o apoio de países árabes e islâmicos. Mas há muitas maneiras de eles ajudarem (...) Há sensibilidades quanto à participação de países vizinhos nas forças de paz".
Um oleoduto da península Faw (sul), do sistema de exportação pelo golfo Pérsico, foi atacado ontem e está em chamas. Segundo um funcionário da companhia petrolífera, o atentado cortou pela metade o fluxo das exportações.
Os advogados da defesa de Saddam Hussein afirmaram ter recebido ameaças de autoridades iraquianas. Issam Ghazawi afirmou que o ministro da Justiça iraquiano, Malek Dohan al Hassan, lhe disse em telefonema que se fossem a Bagdá os advogados seriam "cortados em pedaços". O ministro não comentou as acusações.


Com agências internacionais


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