São Paulo, terça-feira, 04 de julho de 2006

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Seqüestradores de soldado fazem ultimato a Israel

Prazo para que exigência de militantes fosse atendida vencia nesta madrugada

Ações de Israel matam um, e Peretz ameaça governo da Síria; jornal diz que militares israelenses consideram fazer troca de prisioneiros

DA REDAÇÃO

Militantes radicais palestinos estabeleceram um prazo até as 6h de hoje no horário local (0h em Brasília) para que Israel soltasse mais de mil prisioneiros em troca da libertação do soldado Gilad Shalit, seqüestrado no último dia 25. O texto sugere que o refém seria morto caso Israel não atendesse as exigências.
O premiê israelense, Ehud Olmert, declarou rejeitar o ultimato e afirmou que não haveria espaço para o que classificou como "extorsão". O seqüestro de Shalit foi reivindicado pelo braço armado do Hamas, pelos Comitês de Resistência Popular e por uma facção desconhecida, o Exército do Islã.
"[Se Israel não ordenar a soltura dos prisioneiros,] nós consideraremos encerrado o caso do soldado", diz um anúncio divulgado ontem pelo Hamas. "O inimigo deverá arcar com as conseqüências dos resultados futuros", segue o texto.
Os grupos radicais primeiramente exigiam a libertação das mulheres e crianças palestinas presas em Israel, mas depois ordenaram que um total de mil presos fossem soltos.
Dependendo do desfecho da crise, o governo israelense ameaça aumentar a ofensiva iniciada há uma semana, que destruiu prédios do Ministério do Interior palestino e do Fatah, o partido do presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas.
"Se o soldado for ferido, as nossas operações serão muito, muito piores", declarou o ministro da Justiça de Israel, Haim Ramon.
Os ataques também danificaram uma central elétrica, o que deixou sem luz a maioria da população de 1,3 milhão de pessoas da faixa de Gaza. A ONU afirma que a região está próxima de uma crise humanitária.
Na madrugada de hoje, uma ofensiva aérea no norte de Gaza matou um palestino e feriu outros dois. O Exército israelense informou que tinha como alvo militantes que estavam plantando bombas. O prédio da Universidade Islâmica na Cidade de Gaza também foi incendiado em um outro ataque.

Síria
Enquanto tropas israelenses seguiam se deslocando ontem no norte da faixa de Gaza, o ministro da Defesa de Israel, Amir Peretz, declarou que os ataques poderiam incluir a Síria, que abriga Khaled Meshal, líder do Hamas exilado em Damasco.
"O quartel-general do terror do Hamas opera na Síria e é encabeçado por Meshal", declarou Peretz. "Sugiro a Bashar Assad [o ditador sírio] que abra seus olhos porque ele será responsabilizado [pela crise]."
O Exército e o governo de Israel admitem privadamente que poderiam lançar mão de outras opções, incluindo a troca de palestinos detidos, para conseguir a libertação de Shalit. No passado, prisioneiros já foram trocados por cidadãos capturados ou por corpos de soldados mortos em combate.
De acordo com o jornal israelense "Haaretz", detidos sem envolvimento com casos de terrorismo poderão ser soltos em uma negociação. O comando das Forças de Defesa de Israel não apoiaria a libertação de presos "com sangue em suas mãos", segundo um militar citado pelo jornal.
Em nota, o premiê Olmert afirmou que o governo do Hamas é o responsável pela segurança do militar israelense. O braço político da organização terrorista nega ter relação com o seqüestro. Já o presidente palestino, Mahmoud Abbas, disse que "o que importa agora na faixa de Gaza é não chegar a um ponto sem volta".
O ditador egípcio, Hosni Mubarak, disse ontem que está coordenando os esforços com a Arábia Saudita para tentar solucionar a crise. De acordo com uma reportagem do jornal em língua árabe baseado em Londres "Al Hayat", uma delegação egípcia visitou o soldado Shalit, que teria três ferimentos e teria recebido tratamento médico. No fim de semana, citando "mediadores" e sem dar detalhes, o gabinete palestino dissera que a condição do israelense era "estável".

"Lições"
No anúncio divulgado ontem os seqüestradores de Shalit dizem que Israel não "tirou lições" de outros casos.
O último soldado israelense seqüestrado pelo Hamas foi Nachson Wachsman, em 1994, que foi morto pela organização terrorista. Em artigo ao "Haaretz", a mãe de Wachsman acusou o governo de Israel de falta de sensibilidade. "Não estou pedindo a libertação de assassinos, mas eles [os líderes israelenses] não podem insultar a nossa inteligência, pois já negociaram e já cederam ao terror."


Com agências internacionais



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